Mercado brasileiro de revistas em alta


01/08/2008


 Maria Célia Furtado

O mercado brasileiro de revistas vive um momento positivo, com muitos lançamentos nacionais e licenciamentos de títulos estrangeiros. Há também uma busca intensa de ampliação de conteúdo na internet, com sites de praticamente todas as publicações. A informação é da Diretora-executiva da Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner), Maria Célia Furtado.

Dados de uma pesquisa do Projeto Inter-Meios, da Editora Meio & Mensagem, mostram que as revistas tiveram um crescimento superior à média de mercado no primeiro trimestre de 2008. Segundo o estudo, o faturamento dos veículos de comunicação foi de R$ 4,9 bilhões (16,76% maior do que o faturamento do mesmo período do ano anterior), enquanto que o faturamento do meio revista foi de R$ 431,6 milhões, acusando um crescimento de 20,34%:

— Em 2007, foram vendidas cerca de 400 milhões de exemplares, considerando-se os canais de vendas e assinaturas, de um total de 3.833 títulos. Em 2008, as primeiras informações que temos são bastante promissoras, tanto no que se refere à circulação quanto ao mercado publicitário — diz Maria Célia.

No caso do investimento publicitário no setor de revistas, os números apurados pela pesquisa também são positivos: de janeiro a março de 2008, o faturamento foi de R$ 284.277.930,45, enquanto que no mesmo período do ano passado, segundo a Aner, foi de R$ 240.292.587,66. A Diretora da Associação ressalta:
— O crescimento do investimento publicitário pode ser explicado pelo momento positivo que atravessa a economia brasileira, o aquecimento do consumo e o crescimento das classes C e D, permitindo que um novo contingente de consumidores tenham acesso ao mercado, inclusive ao de revistas. Também são importantes projetos desenvolvidos pelo meio, como eventos, merchandising e ações integradas. 

Poucos livros 

Curiosamente, apesar de o mercado brasileiro contar com 299 editoras — responsáveis pela publicação de mais de 1,7 mil títulos vendidos em bancas — , os estudos encomendados pelo setor de revistas mostram que o brasileiro compra cerca de dois livros por ano — índice considerado baixo em relação a países desenvolvidos como Estados Unidos e França, onde a média por cidadão é de 17 e 20 livros/ano, respectivamente. 

O nível de escolaridade é citado pela Diretora da Aner para explicar o aumento na venda de revistas:
— Os leitores dessas publicações pertencem a uma classe da população mais educada e com mais poder de consumo, um público multiplicador de opinião. Neste sentido, a revista é um veículo essencial na construção de marcas e na venda de produtos: ocupa a terceira posição no ranking de investimentos e é um meio potencializador de bons resultados de campanhas publicitárias.

As revistas que respondem pela maior parcela do mercado são as semanais de informação. Em 2000, este segmento detinha 25,3% do mercado; em 2007, 26%. Na liderança está a Veja, da Editora Abril cuja média é de 1,1 milhão exemplares por edição. Época, da Globo, aparece em segundo lugar, com cerca de 430 mil, seguida pela IstoÉ, da Editora Três, com quase 350 mil, de acordo com dados do IVC medidos de janeiro a maio deste ano.

Por outro lado, a Distribuidora Nacional de Publicações (Dinap), empresa criada pela Abril, registra que o segmento de revistas para públicos específicos detém 22% do mercado, com destaque para Raça, da Editora Símbolo, dirigida aos afrodescendentes; Fluir, de esportes radicais; e os títulos voltados para o setor de informática. Os do segmento religioso não são auditados pelo IVC, mas o Anuário Mídia Dados de 2007, publicado pelo Grupo de Mídia de São Paulo, informa que são publicados cerca de 80 títulos do gênero classificado como religão/esoterismo.

Campeãs de venda

Fora da faixa dos hebdomadários, Maria Célia Furtado diz que os mais tradicionais líderes de vendas são as revistas femininas e de celebridades:
— Entre as mensais, Claudia é a líder, com 403 mil exemplares, seguida de Seleções, com 397 mil, e Nova, com 224 mil.

Nas semanais de comportamento/entretenimento, Caras é a primeira, com 279 mil exemplares. Depois vêm Viva Mais (167,7 mil), Ana Maria (167 mil) e Contigo (139 mil), segundo dados de 2007 do IVC.

Sobre os fatores que têm contribuído para a variedade de novos títulos, Maria Célia diz:
— A segmentação do mercado é uma tendência cada vez maior. Os títulos visam a preencher lacunas existentes — e um exemplo recente é a Gloss, da Abril, direcionada a mulheres jovens que têm formação superior e trabalham. Só no lançamento, foram vendidos cerca de 150 mil exemplares da revista, que tem um formato menor que o tradicional, outra novidade para o público. 

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