Morre em São Paulo o jornalista Paulo Patarra


21/01/2008


Morreu na tarde desta segunda-feira, dia 21, em São Paulo, aos 74 anos, Paulo Patarra, vítima de câncer na garganta. A pedido do próprio jornalista seu corpo foi doado à faculdade de Medicina da USP, para estudos, em virtude do que a família dispensou cerimônias fúnebres.

Patarra descobriu a doença, provocada por 61 anos de tabagismo, no início do segundo semestre do ano passado. Durante sua internação hospitalar, em uma entrevista ao ABI Online concedida a Gil Campos, o veterano jornalista fez a seguinte revelação: “Fumei perto de 1 milhão de cigarros. Fiz as contas.”

Carreira

Paulo Patarra foi membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB) entre 1957 e 1960. Durante o Governo Juscelino Kubitschek, foi preso ao ser flagrado pichando a frase “Anistia para Prestes”. Em 1968, fez uma entrevista com Luís Carlos Prestes que mereceu capa da revista Realidade. Considerada uma das principais da trajetória profissional de Patarra, a reportagem lhe rendeu um Prêmio Esso de Jornalismo — bem como sete meses escondido em um hotel no Guarujá, por conta da Editora Abril. Isto porque, quando a publicação saiu, estourou o AI-5, e o jornalista temeu ser preso e torturado pelos dos militares para revelar o destino de Prestes.

Nascido em São José dos Campos-SP, em 21 de outubro de 1933, Paulo Patarra tinha 20 anos quando estudou no Seminário de Cinema do Masp, ao mesmo tempo em que cursava o Centro de Preparação dos Oficiais da Reserva (CPOR) do Exército. Começou o curso de Ciências Sociais na USP, mas não concluiu. Em 1956, foi expulso do curso de Jornalismo da Cásper Líbero, acusado de encabeçar um movimento grevista. Tinha a fama de “jornalista maldito”, termo atingiu toda sua equipe na revista Realidade, devido ao jornalismo de contracultura, que fugia ao padrão de “bons modos” da mídia da época.