Ancelmo evoca seu amigo Julinho


08/01/2008


Em texto especial para o Site da ABI, o jornalista Ancelmo Góis evocou com emoção e carinho seu amigo Júlio César Régis Dantas, o Julinho, seu companheiro desde as lutas da mocidade em Sergipe. Julinho morreu em 26 de dezembro, aos 58 anos. 

O texto de Ancelmo, intitulado “Julinho partiu, é o seguinte:
 
“O ano de 1968, aquele que não terminou na definição de mestre Zuenir Ventura, foi marcado por manifestações estudantis em todo o mundo. Na pequena Aracaju não foi diferente. Lá, os estudantes saíram às ruas, mais de uma vez, caminhando, cantando e lutando contra o regime militar. 

Em Sergipe, a luta dos estudantes era liderada pelo pessoal do Diretório da Faculdade de Direito da UFS, tendo à frente Wellington Mangueira Marques, o “Boquinha”. Em torno dele e do PCB se formou um grupo de jovens combatentes contra a ditadura, entre eles Júlio César Régis Dantas, aluno da Faculdade de Serviço Social. 

Julinho, depois do Ato Institucional n° 5, que sufocou os protestos que vinham das ruas, partiu clandestinamente para Moscou, em pleno regime soviético, onde, por um ano, fez um curso de formação política marxista na escola do Komsomol. 

Nos anos 70, já no Rio, participou da luta pela retomada do Sindicato dos Jornalistas ­— que estava em poder de pelegos — e atuou na ABI num momento particularmente histórico da entidade, na linha de frente pela redemocratização do País. 

Nos anos 80 Julinho se aliou ao Partido Democrático Trabalhista (PDT) e ajudou a lançar o jornal brizolista “Tribuna Socialista”. 

Trabalhou como repórter nos jornais O Globo, Tribuna da Imprensa, Jornal do Commercio e Diário do Comércio e Indústria. Trabalhou ainda na assessoria de imprensa da Bolsa de Valores e da Prefeitura do Rio. 

Julinho, 58 anos, morreu dia 26 de dezembro, vítima de choque séptico no Hospital da Ordem do Carmo, no Rio. Deixa a viúva, Esther, dois filhos e muita saudades nos que o conheceram.”