Coronavírus: ABI participa da Rede CoVida


28/03/2020


 

Há dez dias, um grupo de conselheiros da ABI passou a fazer parte de uma força tarefa criada pela Fiocruz da Bahia e pela  Universidade Federal da Bahia para facilitar a comunicação entre pesquisadores, jornalistas e comunicadores neste momento dramático imposto pela disseminação do novo corona vírus.

Liderado pelo infectologista Maurício Barreto da UFBA, esse grupo congrega mais de 40 cientistas espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Eles passaram a sededicar tempo integral no acompanhamento, projeção e o estudo de medidas a serem implantadas no combate ao Covid-19.

O fato de a ABI vir se ocupando pelas questões ligadas à proliferação no País das notícias falsas –  fake news- e do seu papel de representante da sociedade civil organizada  motivaram o convite para que o diretor da entidade, Arnaldo César, viesse a participar deste esforço coletivo contra uma epidemia tão devastadora.

A iniciativa recebeu o nome de Rede CoVida e está aberta a quem quiser colaborar. Ela parte de um princípio muito simples: informação com qualidade e responsabilidade é um dos remédios indispensáveis para conter a pandemia.

Disque Vida – 155

Além de produzir textos que são disponibilizados a todos os veículos (impressos, eletrônicos e digitais), a Rede CoVida também combate as informações falsas – fake news – que se propagam quase que na mesma velocidade da doença.

Uma das sugestões deste grupo que acaba de ser implantada na cidade de Salvador é o “Dique Coronavírus 155”. É um sistema telefônico pelo qual a população poderá ligar para tirar dúvidas sobre seu estado de saúde. Será atendida, inicialmente, por estudantes de medicina voluntários. Eles darão as orientações básicas. Para os casos mais graves, esses atendentes buscam a opinião de médicos e professores de medicina aposentados sobre a necessidade de internação.

Maurício Barreto,  professor dos cursos de doutorado em medicina da UFBA,  explica que o “Disque Coronavírus” servirá como um filtro para evitar o congestionamento dos hospitais públicos e ‘dar uma certa tranquilidade à população num momento de muito pânico”.

O serviço de atendimento foi desenvolvido por engenheiros de telecomunicação e de Tecnologia da Informação da UFBA, da Secretaria de Saúde do Estado e por técnicos das companhias telefônicas que atendem o Estado da Bahia.

A intenção é que esse teleatendimento venha a ser adotado em todo o País.

Por teleconferência, o grupo de cientista e comunicadores vem se reunindo diariamente para analisar o quadro da infecção no Brasil e sugerir textos, vídeo, podcasts e estudos que possam interessar não só a grande mídia como também os veículos do interior, os sites de notícias e os blogs.

Neste momento, por exemplo, a Rede CoVida articula mecanismos efetivos para fazer com que essas informações cheguem à população de baixa renda, especialmente, os favelados das grandes metrópoles. Só no Rio são mais de 2 milhões de cidadãos.

O entendimento dos infectologistas da Rede CoVida é o de que, por enquanto, a doença tem atingido mais pessoas de classe média e média alta. Mormente, aqueles que estiveram no exterior nas últimas três semanas. Levar informações de qualidade aos de menor poder aquisitivo será o outro grande desafio.

Por sugestão da ABI e da professora Teresa Campello (uma das criadoras do Bolsa Família)  os cadastros sociaispoderão vir a ser utilizados para distribuir informações sobre o controle do novo vírus. A começar pelo “Cadastro Único” que coleciona os endereços de mais de 50 milhões de pessoas vulneráveis.

Cadastros sociais dos estados e dos municípios são outros mecanismos cogitados para fazer chegar  aos desassistidos informações sobre a doença.

Manual 

A Rede CoVida acaba de disponibilizar um Manual de Comunicação editado pela Organização Mundial de Saúde, em 2009. É um livreto de pouco mais de 180 páginas  com indicações preciosas tanto para sanitaristas e cientistas bem como  jornalista/comunicadores especializados na cobertura dos temas da saúde pública e das epidemias.

O manual traz contribuições de especialistas em comunicação de todo o mundo. Poderá ser grande utilidade para os profissionais de comunicação envolvidos com os noticiários sobre os efeitos desta pandemia no Brasil.