Morre Miranda Jordão,
um ícone da imprensa


10/02/2020


Miranda Jordão (Imagem: Youtube)

Aos 88 anos, morreu nesta segunda-feira, 10/2, no Rio, o jornalista Jorge de Miranda Jordão, ícone da impressa brasileira, na qual começou a trabalhar em 1954, influenciando gerações de profissionais.

A triste notícia foi dada pelo amigo, também jornalista, Aziz Ahmed, no início da tarde, e compartilhada nas redes sociais. “Acabei de saber que o querido amigo Jorge de Miranda Jordão, com quem apareço nesta foto, faleceu na tarde de hoje, num hospital da Barra, onde foi internado de madrugada, após passar mal em casa. Nosso Miranda nasceu em agosto de 1932, em Salvador (BA), veio cedo para o Rio, onde começou a trabalhar na Última Hora, com Samuel Wainer. Ainda não tenho detalhes do velório.”, escreveu Ahmed.

Miranda Jordão iniciou sua carreira jornalística na Última Hora em 1954. Dirigiu as sucursais do jornal em São Paulo e Porto Alegre e voltou à redação do Rio de janeiro em 1963. A convite de Otavio Frias, lançou a Folha da Tarde em 1967. Foi preso, refugiou-se e em 1977 retornou para a Última Hora. Dirigiu as redações de Diário Popular e O Dia.

Miranda Jordão e Aziz Ahmed (Imagem: Facebook)

A foto, tirada em fevereiro de 2018 , tem como legenda: “Mais um monstro sagrado do jornalismo, Jorge de Miranda Jordão contou histórias curiosas para meu livro. Ele dirigiu a Última Hora de Samuel Weiner e O Dia do Ary Carvalho, ambos líderes de venda em bancas.

Em 2018 , Miranda Jordão concedeu entrevista a Aziz Ahmed , ao projeto do livro de Memórias da Imprensa Escrita. Na entrevista ( disponibilizada também no youtube), o jornalista relembra e narra com ousadia casos vividos em redações de São Paulo, Porto Alegre e no Rio de Janeiro, onde iniciou e terminou sua carreira profissional.
O jornalista Marcelo Auler, que trabalhou com Miranda Jordão em O Dia, dá seu depoimento: “Foi um grande chefe, ficou meu amigo. Tem passado no jornalismo – atuou no Rio, São Paulo e, acho em Porto Alegre – e também na resistência à ditadura, embora não fosse de nenhuma organização. Mas ajudou, por exemplo, Frei Betto e outros colegas nossos que militavam. Grande perda. Grande amigo.

Ótimo companheiro, inclusive, de uísque.

Lamentavelmente estou em Brasília e não poderei ir me despedir dele”.

Também Luís Pimentel trabalhou sob a chefia de Miranda Jordão: “Foi um dos mais queridos amigos que fiz nas redações de jornais e revistas por onde passei. Trabalhei sob seu comando em Ultima Hora e O Dia, experiências fundamentais”.

“Haveria muita coisa a se contar de Jorge Miranda Jordão, excepcional jornalista, chefe e caráter.

Mas a reportagem que o consagrou definitivamente foi a que ele não escreveu. Quando dirigia o Diário Popular, em São Paulo, proibiu que o jornal entrasse no caso Escola Base.

Foi um momento de grandeza ímpar da imprensa.

Na foto, ao lado de Aziz Ahmed, outro excepcional chefe de redação”, disse o jornalista Luiz Nassif.