Igreja: crime quer calar imprensa no México


06/03/2017


Protesto contra a violência no Estado de Guerrero. Foto: AFP

Protesto contra a violência no Estado de Guerrero. Foto: AFP

O homicídio do jornalista Cecilio Pineda Birto, ocorrido em Ciudad Altamirano, Tierra Caliente, foi condenado pelo bispo da Diocese de Chilpancingo-Chilapa, Dom Salvador Rangel Mendoza. Segundo ele, a criminalidade organizada “tenta calar a voz dos jornalistas”.

A Rádio Vaticano destacou declaração de Dom Salvador, afirmando que em Tierra Caliente, e em especial em Ciudad Altamirano, “a tensão é muito forte”, e por isso convidou as autoridades a prestarem maior atenção, enquanto aos criminosos pediu que “respeitem a vida dos outros”.

“Infelizmente estamos vivendo este clima de insegurança, em especial pelos jornalistas que escrevem e informam. A vida, às vezes, é muito difícil. Esses grupos criminosos querem calar a voz deles, eis o motivo pelo qual os matam”, disse o bispo. “Não é o único caso registrado no Estado de Guerrero”, denunciou ainda, reconhecendo que ser jornalista “é uma profissão difícil, mas não podemos aceitar o homicídio para calar a voz dos comunicadores; até porque são a voz do povo, da comunidade”.

O jornalista foi assassinado na noite de 2 de março enquanto lavava o carro num posto de gasolina.

Segundo o El País, Cecilio Pineda Birto, de 38 anos, colaborador do “La Jornada Guerrero”, foi baleado perto das 19 horas (meia noite em Lisboa) quando esperava dentro da sua viatura pelo serviço de lavagem de carros em Ciudad Altamirano, nos limites com o estado mexicano de Michoacán.

Fontes policiais do estado confirmaram à agência noticiosa Efe que Pineda Birto foi atacado por dois jovens, a bordo de uma moto, que abriram fogo contra ele.

Pineda ficou ferido na sequência de vários tiros e foi atendido no local, acabando por sucumbir aos ferimentos a caminho do hospital.

O jornalista, que era colaborador do diário La Jornada Guerrero e editor do periódico La Voz de Tierra Caliente, que abordava temas sobre o narcotráfico, era conhecido por reproduzir notícias nas redes sociais e tinha cerca de 50 mil seguidores no Facebook. Em 2015, escapou ileso de um ataque de homens armados.

Segundo o relatório anual de “Repórteres sem Fronteiras” de 2016, publicado em dezembro, a América Latina apresenta um balanço terrível: 31 jornalistas assassinados. Como em 2015, o México ainda aparece em primeiro lugar, com 13 homicídios. Seguem Guatemala (8), Brasil (4), Honduras (3) e Venezuela, Peru e El Salvador com um homicídio por país. As informações são da Agência Fides.