Relatório do IPI revela crise de segurança enfrentada por jornalistas climáticos e ambientais


17/02/2024


Tradução: Geraldo Cantarino, da Comissão de Melo Ambiente da ABI

O jornalismo crítico e investigativo sobre questões ambientais é essencial se queremos proteger o meio ambiente e enfrentar a crise climática. No entanto, jornalistas que trabalham com esses assuntos enfrentam múltiplas e complexas ameaças, conforme revela um novo relatório do Instituto Internacional de Imprensa (IPI, na sigla em inglês).

De violência física a detenções, assédio legal, ataques online e restrições à liberdade de circulação, os jornalistas que cobrem questões ambientais são alvos de poderosos atores privados e estatais. Esses atores estão dispostos a utilizar todos os meios possíveis para proteger seus lucrativos interesses relacionados a atividades prejudiciais ao meio ambiente e à sua preservação.

Lançado em 13 de fevereiro, o relatório Climate and Environmental Journalism Under Fire (Jornalismo climático e ambiental sob fogo cruzado, em tradução livre) representa a mais recente e abrangente análise dos ataques direcionados a jornalistas especializados em clima e meio ambiente. O relatório revela o alarmante grau em que esses ataques ameaçam a liberdade de imprensa e impedem os esforços para proteger o meio ambiente e o clima.

O relatório é o resultado de entrevistas realizadas com cerca de 40 jornalistas ambientais e climáticos em 21 países das Américas, Europa, África e Ásia. Foi pesquisado e escrito pela especialista em liberdade de imprensa Barbara Trionfi – autora também do relatório IPI/NICHE de 2023, intitulado The Change We Need: Strategies to Support Climate and Environmental Journalism (A mudança que precisamos: estratégias para apoiar o jornalismo climático e ambiental) –, em colaboração com o jornalista investigativo e climático Léopold Salzenstein.

“Este relatório identifica claramente os graves riscos que os jornalistas climáticos e ambientais enfrentam devido às histórias que perseguem. Revela as formas sistemáticas e deliberadas utilizadas para silenciá-los e impedir a exposição de crimes ambientais e outras atividades que alimentam a crise climática”, disse a diretora executiva do IPI, Frane Maroević. “Esta é uma chamada para ação para todos nós que nos preocupamos com o jornalismo independente, a liberdade de imprensa e a crise climática e ambiental global. Hoje, mais do que nunca, precisamos de um jornalismo preciso, independente e acessível.”

O relatório identifica os riscos inerentes enfrentados por jornalistas ambientais, explora os desafios específicos enfrentados por freelancers e jornalistas locais e examina como a falência do Estado de direito, a corrupção no setor público e a pressão econômica criam um clima hostil para esses profissionais.

O relatório também analisa estratégias para combater esses ataques e pressões sofridos pelos jornalistas, por meio de colaboração, medidas de segurança e estruturas de apoio jurídico. O texto inclui recomendações para Estados, meios de comunicação, redes de apoio ao jornalismo e patrocinadores.

O relatório está disponível para download no site do IPI