Radicalmente contra a distorção da realidade


12/09/2006


José Reinaldo Marques
15/09/2006

O bom fotojornalista é aquele que nunca interfere na realidade dos fatos por ele registrados. Esta é a opinião do experiente repórter-fotográfico Ismar Ingber, que se preocupa muito com a má utilização dos recursos da fotografia digital, usados, muitas vezes, para alterar imagens:
— Outro dia minha irmã me mandou o link de um site de fotos adulteradas e publicadas como originais. Acho que hoje em dia, com a fotografia digital, o mais importante para os fotógrafos é batalhar pela veracidade das imagens.

Ismar Ingber travou os primeiros contatos com uma câmera em família:
— Como viajávamos muito, meu pai sempre tinha uma máquina fotográfica em casa. E eu, apesar de ser o mais novo, também fotografava. Tempos depois, ele me apresentou a um amigo fotógrafo e a minha irmã me apresentou a outro, que mais tarde passei a acompanhar em alguns trabalhos.

Em 1983, Ismar foi estudar Fotografia na Visual Arts School, em Nova York, onde fez vários cursos, aprendendo desde a prática de laboratório em preto e branco até noções básicas de estúdio, e deu início à sua profissionalização. Na época, diz ele, ainda não havia boas escolas no Rio:
— O curto espaço de tempo que fiquei nos Estados Unidos me valeu alguns anos de experiência que talvez não conseguisse se tivesse cursado Fotografia por aqui. Lá, o acesso à tecnologia, que hoje marca a fotografia, é mais rápido e a estrutura também é melhor. 

Grandes reportagens 

De volta ao Brasil, Ismar conseguiu um estágio no estúdio da Bloch Editores, que funcionava na Rua Frei Caneca, Centro do Rio. Ficou lá quatro anos, fazendo fotos produzidas para capas e matérias de moda, entre outras, para Manchete, Ele&Ela, Desfile e Fatos e Fotos, até ser transferido para o Departamento Fotográfico da editora, na Rua do Russel, na Glória:
— Fiquei mais quatro anos na Bloch e foi um período importante, porque passei a participar de grandes reportagens para as revistas — incluindo a Geográfica Universal, que a editora publicava na época. Aí me senti fazendo fotojornalismo de verdade. Quando completei três anos na editora, montei um estúdio para fazer freelances.

O estúdio funciona até hoje, em Botafogo, e nele o fotógrafo fez vários books de modelo e muitos trabalhos de moda e publicidade, mesmo quando, no início dos anos 90, ingressou no Jornal do Brasil:
— Entrei para o JB em 91 e fiquei lá até meados de 2004, primeiro como subeditor, depois como editor de Fotografia.

Atualmente trabalhando por conta própria, Ismar gosta da condição de freelancer e diz que não é do tipo que se interessa por prêmios, apesar de ter sido o vencedor no Salão Finep de 1998, na categoria Foto Criativa:
— De mostras, participo com prazer; é só me chamarem e o meu trabalho se encaixar no tema. Fiz duas exposições individuais e participei de cinco coletivas. Mas não gosto de concursos.

Das muitas histórias que vivenciou fazendo matérias, Ismar mantém fresca na memória uma lembrança:
— Foi uma viagem que fiz com a Marinha para a Ilha de Trindade. Só a autorização para entrar no local demorou um ano. Depois, foram 12 dias navegando e uma experiência fantástica que rendeu várias fotos e uma reportagem de muitas páginas de revista. A grande matéria mesmo, porém, ainda está para acontecer.

Clique nas imagens para ampliá-las: 

“Fiz esta foto no Aterro do Flamengo…”

“Esta imagem faz parte de um ensaio…”

“Faz parte 
do mesmo ensaio…”

“Para conseguir esta foto…”

“O templo 
de Luxor,
em que…”

“Feita para o Caderno B
do Jornal…”

“Em Israel, no rio Jordão, a cena me…”

“Tirada
de um helicóptero…”

“Fotografei
o Lulu Santos na sua…”

“Para nós, ocidentais, o Marrocos…”

“O colorido da cortina e
a luz da…”

“Tirei esta foto num fim de tarde…”