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O trem-bala Rio de Janeiro—São Paulo


07/12/2011


Na verdade, para bem dizermos sobre esse assunto, haveríamos de ter, como um polvo, inúmeros tentáculos que invadissem culturas específicas, estudos pormenorizados, imagens representativas sobre a sociedade que temos e com a qual vivemos, o que poderia nos esclarecer melhor o que pensa ela, como pretensa usuária de tal sistema de transporte, em razão do seu trabalho entre as cogitadas pontas ou intermediações, comentando, se possível,os aspectos que julgamos, nesse emaranhado de comentários, assás significativos, qual seja o atendimento turístico a um pais com tantas belezas naturais.
 
Acreditamos que, afastados inúmeros problemas ligados a esse até então mirabolante projeto, a questão ferroviária pudesse ser retomada, agora, aproveitando-se um momento por demais significativo como seja a Copa do Mundo não só para cuidar-se do trem-bala, como também estudar-se e concluir-se sobre essa grande equação o retorno em todos os seus ângulos da nossa extinta Rede Ferroviária Federal, como evitar-se que tantos outros sistemas transportadores do nosso país continental, como o marítimo e o fluvial em razão da decadência dos seus portos, venham a contribuir para tal desenlace econômico.
 
No caso específico do trem-bala, a maior preocupação que observamos em qualquer dos estudos que nos caem nas mãos é a dificuldade de se chegar a um denominador comum do que, nas priscas eras em que tal coisa era tida como uma sistemática inicial, prescrita para qualquer projeto,o preliminar estudo do seu custo/benefício.
 
Dar-se-á tal dificuldade, admitamos, em razão da ineficiente produção industrial e empresarial que não acompanha a evolução dos sistemas em termos de equipamentos que lhes são necessários?
 
O que nos parece, além da linguagem oriunda dos órgãos e setores ligados ao Ministério de Transportes, em razão do projeto básico da União e da ANTT; Associação Brasileira de Transportes Terrestres, que tratam do assunto, e outros procedentes de inúmeras entidades coligadas à matéria. É que se torna difícil uma avaliação que beire o real custo dessa obra, o que nos leva a julgar da obrigação de estudos pormenorizados que abranjam toda uma gama de indagações técnicas e não só políticas, uma vez que a presença dessa última parceria poderia, ou não, ser de interesse no equacionamento de possíveis divergências sobre o projeto, cuja avaliação, até o presente momento se acha em torno de cerca de R$ 34,6 bilhões, não se cogitando de possíveis acréscimos que poderão merecer o aporte posterior do Governo, em razão de subestimação dos cálculos de custos iniciais, ou até responsabilizar-se pela direção do investimento,como já foi dito por diversos autores que se dedicam à matéria.
 
O importante para o leigo é que o Governo analise os prós e contras que envolvem o trem-bala em todos os seus ângulos, permitindo que se façam comparações adequadas que possam levar a uma correta avaliação de custos entre vários sistemas transportadores na área em que se pretende aplicar o novo sistema TAV e em primeira instância qual deles poderia se considerado como o mais integrado ás condições do pretenso usuário.
 
Sabemos e sobre o assunto já dissemos muito com relação à aplicação de investimentos do Governo em obras e serviços considerados de extrema urgência em todo o País. escolas primárias, secundárias e técnicas – faculdades, hospitais e creches – abrangência desses fatores evolutivos em todo o Brasil acredito que seja mais urgente que o nosso trem-bala. Até hoje ninguém deixou de transportar-se de ou para suas plagas de nascenças,por falta de um trem. Se os dirigentes da nação optam por possuir um trem-bala, julgo devam pensar na revitalização do sistema ferroviário, isso sim,nos moldes daqueles que hoje existem ainda,mas,quase a extinguirem-se, em face da incondicional resolução do Governo Fernando Henrique em extinguir a Rede Ferroviária Federal e mesmo assim, agora, a toque de caixa, retoma-se o sistema pela construção da Transnordestina, ferrovia que ligará os portos de Pecém, no Ceará, ao de Suape, em Pernambuco, obras essas que recebem a garantia do PAC, mas que, em comentários do ex-Governador José Serra, anda a passos de tartaruga.
 
Já muito nos referimos á transposição das águas do Rio São Francisco, dando informes obtidos gentilmente em agosto de 2009, diretamente do DOC do Exército, acreditando que nesta altura essas obras já estivessem quando nada bastante avançadas porém tais projetos se acham semiparalisada.
 
Os metrôs de Salvador e Fortaleza, segundo nos diz José Serra, estão inacabados por falta de recursos federais, sendo o de Belo Horizonte estacionado; os de Goiânia e Curitiba inexistentes e os do Rio de Janeiro e São Paulo,sem um centavo federal.(comentário de 28-9-2011)
 
Ao considerarmos que a maioria das obras do PAC pode vir a sofrer atrasos bastantes significativos que redundem em desarticulação desse projeto do Governo, que de início sensibilizou a sociedade brasileira, torna-se ainda necessário lembrarmos que outros investimentos de vulto para o equilíbrio social e político da nação como o sistema ferroviário que se impõe,faltando trens de carga para a movimentação de bens entre os Estados, entre eles aqueles decorrentes das nossas safras agrícolas no País: outrossim, a ineficiência do nosso potencial hidroviário em termos de portos, eclusas e assoreamentos que impedem uma boa navegação.
 
Outras questões devem ser olhadas pelos órgãos de planejamento e quem sabe o Congresso, antes que se dê em termos de veredicto, a ordem de “FAÇAMOS” sem lembrarem-se que foi assim que Nero queimou Roma.
 

Por enquanto, a questão trem-bala está a merecer senões que devem partir de setores que julgamos, ainda, competentes para suas observações de ordem técnica e econômica, mas vamos acompanhar tais derivações do pensamento livre.

* Bernardino Capell, sócio da ABI, é jornalista, economista e membro titular do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil.