O fotojornalista que resolveu virar professor


27/12/2007


Rodolpho Terra
28/12/2007

Carioca, 51 anos de idade, pós-graduado em Mídia e Docência Superior, o repórter-fotográfico Ivan Luna resolveu trocar o dia-a-dia das redações pelos laboratórios e salas de aula de uma universidade, por isso atualmente é professor fotografia na Candido Mendes, no Rio de Janeiro. Ivan não abandonou de vez a câmera fotográfica, juntamente com a atividade de professor atua como freelancer produzindo material de moda e publicidade para agências no Rio de Janeiro.

Formado em jornalismo e publicidade pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio, Ivan contou que o gosto pela profissão de fotógrafo aconteceu em uma época que ele era o encarregado de fotografar o cotidiano e os passeios que fazia em família.

Foi quando percebeu que fotografar seria muito mais que um simples hobby, por isso fez diversos cursos técnicos de especialização, tanto no Rio quanto em São Paulo. O primeiro contato profissional foi em 78, na agência de notícias Assessor, empresa que produzia house-organs para Brahma e a Bolsa de Valores.

Durante os primeiros 12 anos de carreira trabalhou como fotojornalista, além de ter realizado projetos como documentarista. No final da década de 80, Ivan resolveu deixar de lado a área e jornalismo e seguir na publicidade. As razões para migrar de uma área para outra foram em grande parte financeiras. Um dos fatos que também o impulsionou para o ramo publicitário foi a abertura de um estúdio próprio em Botafogo, e os clientes que começaram a surgir.

Este ano Ivan Luna está completando 29 anos de profissão, com uma trajetória no fotojornalismo que registra passagens nas redações de vários veículos de prestígio, como as revistas Playboy, Placar e Contigo, da Editora Abril. Trabalhou nos jornais Tribuna da Imprensa e O Globo, onde produziu trabalhos para o caderno “Ela”. Fez também muitas capas de álbuns musicais, em grande parte de artistas japoneses, além de ter produzido material fotográfico para diversas revistas norte-americanas e francesas. 


Primeira câmara

Ivan é um colecionador de máquinas fotográficas, tem 40 câmeras (todas funcionando) e lembra que a primeira foi uma Kodak Rio 400. Tem três máquinas digitais de uso mais doméstico, diz que tem a preferência é pelas Nikon:
— Eu sempre trabalhei com a Nikon, todo meu material sempre foi dessa marca, apesar de a Cannon ter avançado tecnologicamente. Os dois fabricantes disputam o gosto dos profissionais que trabalham na área fotográfica

Apesar de reclamar da falta de material, Ivan é daqueles profissionais que prefere usar equipamento analógico, mas lamenta que ainda hoje haja escassez de material de qualidade, carência de filme e laboratório:
— A tendência hoje é que o processo fotográfico analógico realmente morra. O que acontece é que está surgindo uma nova geração de profissionais que não conheceu o que é qualidade analógica. Então os parâmetros que as pessoas têm estão baixando, conseqüentemente o padrão de qualidade irá cair também. 


Schwarzenegger

No carnaval de 1983, o fotógrafo estava cobrindo o baile tradicional do Pão de Açúcar, quando percebeu que de dentro de um Ford Galaxy saía um homem alto e musculoso trajando um smoking. Segundo ele, na hora pensou que se tratava de um segurança de algum artista. Na verdade, o homem era Arnold Schwarzenegger que havia ganhado o prêmio de fisiculturismo sete vezes e tinha acabado de filmar “Conan o Bárbaro”.

Ivan conseguiu reconhecê-lo, pois já havia fotografado para circuitos de academias na época. O filme estrelado por Schwarzenegger ainda não tinha estourado no Brasil, e o ator não tinha alcançado a fama. Mesmo assim, Ivan aproveitou a exclusividade e teve permissão para tirar algumas fotos.

Já em pleno baile, Arnold apareceu vestido de índio, em uma homenagem ao País, com isso ele continuou a fotografar o modelo que fazia poses junto com a namorada. No final, gastou quatro rolos de filme registrando todos os movimento do ator durante o baile. Na quarta-feira de cinzas, o material foi levado para o editor da Abril, que na época era o falecido jornalista Ivandel Godinho:
— Lembro que tive que soletrar o nome do Schwarzenegger e praticamente apresentar o personagem de quem o editor nunca tinha ouvido falar. Infelizmente, todas as fotos exclusivas foram descartadas. A única menção ao artista foi feita num canto da página da Fatos e Fotos, sendo citado como amigo de um outro artista famoso que também esteve presente ao baile.

Pouco depois desse episódio Ivan se afastou da editora Abril. No entanto, anos depois, se surpreendeu quando foi visitar alguns amigos na redação:
— Encontrei um salão barulhento e agitado, o motivo era a presença do então já famoso Arnold Schwarzenegger, que estava divulgando o lançamento de um novo filme. Foi uma pena descobrir que todo o material que eu havia feito e pensei que estivesse arquivado na redação tinha sido perdido. 


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