Muitas fontes de inspiração para cada estilo


18/09/2007


Marcia Martins
14/09/2007

Filho de jornalistas, Emiliano Capozoli logo percebeu que não conseguiria ficar distante da profissão. O contato com a máquina fotográfica aconteceu numa viagem à Europa, quando era ainda muito jovem, com equipamento emprestado do pai. Com a Minolta, acabou tendo uma boa experiência. Outras máquinas vieram — e muitos erros aconteceram até ele se transformar no fotógrafo que é hoje.

Emiliano acredita que a vocação para o fotojornalismo tenha mesmo começado na infância. Com pais e tios jornalistas, era comum o assunto da mesa do almoço girar em torno de pauta, retranca ou lead. Decidiu ser fotógrafo depois de ver os jornais serem impressos na entrada da Folha de S.Paulo, na Rua Barão de Limeira. Sempre que tinha tempo, subia à Redação. Achava toda a agitação daquele espaço interessante, com repórteres e fotógrafos correndo de um lado para o outro. Mas percebeu que quem ficava mais na rua eram os fotógrafos:
— Então, não tive duvidas. Era isso que eu queria. Não queria ficar trancado na Redação. Lembro que muitas vezes liguei pro meu pai na Folha e ele nem sabia se estava chovendo ou não. Isso não era para mim. Na hora em que armasse uma chuva, eu queria estar no lugar onde tinha certeza que ia alagar — ressalta.

A estréia profissional aconteceu em 2002, quando entrou para a faculdade de Jornalismo. Era assistente do fotógrafo Renato Soares em um estúdio, organizando o arquivo de cromos:
— Ele me emprestava uma máquina FM2 e as lentes que eu quisesse. Eu não sabia quase nada e tinha em mãos 16mm, 300mm, lentes espelhadas. Queimei filme feito um louco — lembra.

Após fazer um trabalho para uma ONG com o pai, levou alguns negativos para a laboratorista da Folha, que sugeriu que ele fizesse um estágio no jornal. Teria filmes, baterias e carro, mas só receberia se a foto fosse publicada. Emiliano começou a ganhar espaço após pautar a si mesmo. Chegava cedo ao jornal e acompanha tudo o que se passava na cidade. Cobriu também futebol e, mais tarde, trabalhou na Agência Luz, em algumas revistas e Valor Econômico, até viajar para Paris. Durante as passagens nas redações, publicou dois livros: um para o trabalho de conclusão de curso da faculdade, sobre a ocupação do Edifício Prestes Maia, em São Paulo; o outro em parceria com o pai, sobre crianças com câncer.

Estar bem informado e correr atrás do que gosta é o lema de Emiliano, que seguiu o conselho de amigos para tirar uma boa foto. Para ele é necessário que, além de conhecer muito bem o equipamento, o fotógrafo não seja um operário da imagem:
— Acho que isso é o primeiro passo: saber o que está fazendo ali, para tirar o melhor da pauta.

Paciência é outro fator para conseguir uma boa imagem. Para Emiliano, quem está iniciando tem que mostrar muito mais disposição e não ter vergonha de perguntar tudo. Observar como os mais experientes trabalham também é uma boa dica. Segundo o repórter-fotográfico, não há nada de errado em buscar inspiração nos veteranos:
— Quando vou fazer uma pauta e tenho que ser rápido, esperto e sagaz, me inspiro no Antônio Gaudério e no Marcos Fernandez. Se a foto é de arquitetura e composição de traços e linhas, Lalo de Almeida e Tuca Vieira são os fotógrafos em que penso. Para fotos que precisam ser bem planejadas, ou “roubadas”, Marlene Bergamo, Caio Guatelli são boas pedidas, como Julio Bittencourt, Ana Otoni e Bruno Miranda são para retratos. Inspiração não falta!

Iniciativa 

Emiliano acredita que atualmente os fotógrafos estão muito parados, fazendo apenas o que é repassado pelos editores, quando deviam “ter iniciativa e sugerir pautas, até porque muitos são formados em Comunicação”:
— Mas entendo que o jornalismo hoje está sendo feito numa escala industrial, em que o tempo acaba sendo o maior inimigo.

A vontade de conhecer novas culturas e formas de fazer jornalismo levou Emiliano a deixar o conforto de casa e ir para Paris, onde chegou há pouco tempo e ainda fotografa pouco — o que faz, põe no site www.emilianocapozoli.com. Mas já pensa num trabalho sobre o metrô de capital francesa e quer fazer pós-graduação em fotojornalismo, além de estudar fotografia de cinema:
— Quero misturar as duas vertentes e ver no que dá — brinca.

No entanto, não pretende abandonar as redações:
— Sei que terei que construir tudo de novo, mas se rolar um estágio, mesmo mal-remunerado, vou abraçar como se fosse o primeiro emprego da minha vida. 
  


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