Militar que vazou documentos secretos é condenado a 35 anos de prisão nos EUA


Por Cláudia Souza*

21/08/2013


 

Bradley Manning, ao centro, sendo conduzido por policiais (Foto: AFP)

Bradley Manning, ao centro, sendo conduzido por policiais (Foto: AFP)

O soldado americano Bradley Manning foi sentenciado nesta quarta-feira, 21, a 35 anos de prisão pelo vazamento de mais de 700 mil documentos do governo dos Estados Unidos ao WikiLeaks, a maior violação de dados sigilosos na história do país. Ele sofrerá uma dispensa desonrosa do Exército e terá de cumprir um terço da pena antes de poder solicitar liberdade condicional.

O soldado, de 25 anos, foi declarado culpado de 20 acusações, entre as quais violações da lei de espionagem e roubo de informação governamental. Ele escapou da pena de prisão perpétua ao ser absolvido da acusação de ter ajudado o inimigo e poderia ser condenado a uma pena máxima de 90 anos de prisão.

Do total da pena imposta a Manning, serão descontados três anos e meio pelo tempo que o soldado já passou preso aguardando o julgamento e outros 112 dias pelo “tratamento injusto” que recebeu durante a sua estada na base da Marinha em Quantico, na Virginia, segundo a juíza Denise Lind.

Manning vazou arquivos confidenciais das guerras do Iraque e Afeganistão e milhares de correspondências diplomáticas do governo americano. Em agosto deste ano, três anos após o vazamento, o soldado se mostrou pela primeira vez arrependido diante de um tribunal militar. Ele pediu desculpas pelos “resultados inesperados” de suas ações e disse que estava pronto para enfrentar as consequências.

Seus advogados de defesa argumentaram que o soldado apresentava sinais claros de deterioração mental e que seus superiores não deveriam tê-lo enviado para uma zona de guerra para lidar com informações confidenciais.

WikiLeaks

Na segunda-feira, 19, a acusação havia pedido que Manning fosse condenado a 60 anos de prisão, por considerar que o militar merece passar a maior parte do resto da sua vida atrás das grades. A defesa do soldado não recomendou nenhum período específico, mas alegou considerar sensato que a punição não superasse os 25 anos de prisão, tempo que levaria para os documentos secretos serem tornados públicos.

Em 2010, quando servia numa base no Iraque, Manning lia milhares de telegramas diplomáticos, mapas militares, vídeos e material de espionagem, e passou a questionar o papel dos EUA como defensor do mundo livre. Decidiu copiar documentos e escolheu o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, como interlocutor. O WikiLeaks classificou a sentença como uma “vitória estratégica”, uma vez que ele poderá pleitear liberdade condicional em menos de nove anos.

Fonte: jornal O Globo