Luiz Megale – Informalidade na arte de apresentar


29/11/2007


Marcia Martins
30/11/2007

Apresentar notícias numa rádio all news não é tarefa fácil. Ainda mais na BandNews FM, que tem um diferencial ao comentar os fatos. A tarefa, porém, não parece tão árdua quando se ouve Luiz Megale, cuja naturalidade chega a tal ponto, que mesmo lendo uma matéria, parece conversar com o ouvinte.

A rotina do jornalista começa bem cedinho na rádio, em São Paulo. Às 5h40 ele já está tomando ciência das principais notícias da maior capital do País. Isso porque às 6h tem que estar pronto para apresentar o jornal local da BandNews FM paulistana, enquanto as outras praças que compõem a rede seguem no comando de Ana Lúcia Moretto.

Assim que o jornal local acaba, Megale apresenta o “Jornal BandNews” em rede com as outras seis praças, junto com Ricardo Boechat e Ana Lúcia. Enquanto se reveza no ar com outros dois âncoras, o jornalista tenta se manter atualizado com as principais notícias do País e do mundo. Durante o programa nacional, que vai de 7h às 9h, alguns ouvintes garantem que ele quer o lugar de Boechat, por causa de suas intervenções. As “reclamações” chegam por e-mail e acontecem até discussões no site de relacionamento Orkut. Brincadeiras à parte, ele garante que estar ao lado do veterano colega é um aprendizado diário:
— Ele é um sujeito inteligentíssimo, ótimo caráter, e tem um faro incomum para o que é notícia e o que é masturbação jornalística. O principal que aprendi com Boechat é que não é necessário ser sisudo para ser sério; imprescindível é refletir se o que levamos ao ar é mesmo relevante para o ouvinte. Mas o melhor disso tudo são os “quebra-paus” nos bastidores, uma pena não podermos transmitir a parte mais interessante das manhãs. Bateríamos recordes de audiência — brinca.

Diferenças

                                   Luis Megale e Ana Lúcia

Depois do jornal em rede, Megale volta apresentar as notícias de São Paulo até as 10h. Somente após este horário consegue parar um pouco, “para ir ao banheiro ou tomar café”. Para ele, há diferenças básicas entre apresentar o programa nacional e o local. Neste, segundo o jornalista, é inevitável manter o padrão tradicional de prestação de serviço — situação do trânsito, estradas, aeroporto etc. —, dispensável no noticiário nacional, em que a prioridade é a qualidade dos comentários:
— No programa em rede, temos que manter a concisão na apresentação das notícias e a simpatia com o ouvinte. Em 90% dos casos, ele está preso no congestionamento e precisa de algo que o faça pensar, rir, refletir.

Para Megale, o sucesso da BandNews FM, que tem apenas dois anos de existência e registra índices cada vez mais altos no Ibope, vem justamente da linguagem mais solta e informal que adotou:
— O ouvinte, acima de tudo o brasileiro, precisa saber que o radialista está a seu lado, é um amigo, compreende suas dores e compartilha de sua revolta. Nosso noticiário é recheado de toques bem-humorados, em que tentamos cair menos no humor barato, do tipo trocadilho ou imitação, e mais na crítica sutil. Mas não falta a porção “reclamona”, que se manifesta principalmente nos geniais momentos “tia velha” do Boechat.

A linguagem mais solta, porém, não livrou o jornalista de cometer gafes no ar. Uma delas aconteceu durante uma conversa com o colunista de gastronomia da rádio, István Wessel, que acabara de lançar um livro, “O apressado como cru”:
— Enchi a boca e perguntei, ao vivo: “Então, Wessel, fale um pouco mais sobre seu livro, ”Apressado come c…”. Acabei comendo uma letra e ficamos, os dois, muito sem graça.

A função de apresentador acabou tirando-o da rotina de cobrir matérias na rua, o que fazia constantemente durante o período em que trabalhou na rádio Jovem Pan. Megale diz sentir falta das coberturas, em que “era mais fácil cultivar fontes”. Mas, em alguns casos, ainda consegue “fugir” do estúdio e fazer matérias especiais para a BandNews, como a do Grande Prêmio Brasil de Fórmula-1, em outubro. Além desta, ele destaca entre as favoritas na categoria a dos Jogos Pan-americanos do Rio, a dos dois turnos da eleição presidencial em 2006 e uma entrevista exclusiva com Al Gore, quando ele esteve em São Paulo.

Com apenas 30 anos, o mineiro que foi para a capital paulista ainda bebê tem como projeto profissional “ajudar a transformar a Bandnews FM na melhor e mais completa rede de notícias do País”.