Jornalismo perde Wilson Ibiapina, um dos pioneiros da TV Globo em Brasília


09/05/2023


Por Magno Martins, no Blog do Magno

Morreu na tarde dessa terça-feira (9), em Brasília, o jornalista Wilson Ibiapina, 80 anos. Fez uma longa carreira no jornalismo, começando a carreira com apenas 14 anos, como repórter amador em um jornal de Fortaleza.

Aos 19, trabalhou na primeira TV do Ceará. Foi repórter também dos Diários Associados antes de ir para o Rio de Janeiro, em 1968, onde trabalhou no jornal Correio da Manhã e na Rádio Tupi. Em 1970, foi para Brasília, onde conheceu Paulo Mário Mansur, diretor de Jornalismo da Globo de São Paulo, enviado à Capital Federal para montar a Globo Brasília. Convidado a fazer parte da nova equipe, tornou-se o primeiro repórter da sucursal, então sob a direção de Edison Lobão.

Ibiapina entrou para a Globo em 1970 quando as notícias eram transmitidas em filme para o Jornal Nacional. Foi o primeiro repórter da sucursal de Brasília da emissora. As dificuldades do início da sucursal de Brasília eram muitas. Não havia videoteipe, e o noticiário era transmitido em filme para o Jornal Nacional. Além disso, o início dos anos 1970 também foi marcado pelo avanço da Censura Federal sobre jornais e emissoras de rádio e TV.

Wilson Ibiapina testemunhou, inclusive, a presença de censores atuando dentro da redação da nova sucursal. Uma das coberturas mais importantes da carreira do jornalista foi a do enterro do ex-presidente Juscelino Kubitschek, em 1976. Aquela era a primeira vez que o povo ia às ruas em Brasília durante a ditadura. Flashes do velório foram transmitidos ao longo de toda a programação.

“Essa aí foi uma das maiores coberturas que a Globo já fez lá, de enterro, foi a primeira vez que o povo foi para rua realmente, em plena ditadura, a gente nunca imaginou que fosse acontecer um lance desse. Inclusive a poucos dias eu via a TV Câmara colocando lá um documentário”, disse.

No mesmo ano, participou da equipe que cobriu a viagem oficial do então presidente Ernesto Geisel ao Japão. Em 1977, Wilson Ibiapina trabalhou no programa Painel, no qual comandava entrevistas ao vivo com autoridades. O programa antecedeu o Jornal da Globo na grade de programação da Globo.

Em seguida, Ibiapina foi editor do próprio Jornal da Globo. No início da década de 1980, cobriu a primeira visita do papa João Paulo II ao Brasil e, depois, acompanhou a viagem do pontífice à Ásia. Ainda nos anos 1980, trabalhou como editor no Bom Dia Brasil. Em 1982, participou da equipe mobilizada pela Globo para a cobertura das primeiras eleições diretas para governador após o Golpe Militar.

Dois anos depois, acompanhou da sucursal de Brasília o crescimento da campanha das Diretas Já. A eleição, seguida da doença e da morte de Tancredo Neves, em 1985, foi outra cobertura importante na carreira de Wilson Ibiapina. Com a entrada de José Sarney na Presidência, o jornalista passou a cobrir as viagens de Sarney.

Nesse período, deixou a Globo para se tornar assessor de Toninho Drummond, ex-diretor da sucursal de Brasília, na presidência da Radiobrás. Wilson Ibiapina voltou a trabalhar na Globo de Brasília, como editor, em 1990. Na época, a chefia da redação estava com Alexandre Garcia. Paralelamente, trabalhava na implantação de um sistema de comunicação da TV Verdes Mares, afiliada da Globo no Ceará.

Em 1992, decidiu se dedicar exclusivamente à afiliada. Tornou-se diretor da sucursal de Brasília do sistema Verdes Mares de Comunicação.