Janice Caetano – Empresária e sindicalista na medida certa


09/11/2006


Claudio Carneiro
10/11/2006

Janice Caetano Barreto escrevia poesias e contos no ginásio. Seu professor de Literatura gostava dos textos e sugeriu que ela fizesse vestibular para Comunicação. O cargo de vendedora de fotos da Manchete Press foi o primeiro emprego, no Departamento de Serviços Editoriais da Bloch Editores. Com o salário, ela pagava o curso de Jornalismo na Facha. Depois de um ano, trocou a Bloch pela Gazeta Mercantil, em 81:
— Mas só fui para a reportagem em 85, depois de formada. A Gazeta foi minha escola de vida e profissional. Fiquei lá por quase nove anos.

Depois vieram os trabalhos como repórter de Economia do Jornal do Brasil, de 90 a 94, e na sucursal Rio do Estadão, de 94 a 95. Um convite para trabalhar como coordenadora na In Press, em 95, despertou seu interesse pelo jornalismo empresarial:
— Fiquei lá quatro anos e, em seguida, tive uma passagem rápida, de três meses, pela Base. Logo depois, assumi a Gerência de Comunicação da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), entre 1998 e 2000. Em 2001, criei a Print Comunicação, especializada em publicações para empresas.

Na vida pessoal, casou-se com o fotógrafo Alaor Filho e tem três filhos. Com ideais políticos, mas sem passagem pela política sindical, ela viveu uma experiência inusitada: com pouco mais de 30 anos, em 1998, foi Presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro. Ali, teve atuação destacada na paralisação dos funcionários do JB, por salários atrasados, em 2001. O episódio resultou na venda do controle acionário do jornal.

Em outra ocasião, Janice bateu o pé e não concedeu registro de jornalista a Edir Macedo, que alegava ter registro de “jornalista colaborador” do jornal Folha Universal, órgão oficial da Igreja Universal, que criou e dirige. O bispo foi à Justiça e perdeu.

Quando o jornalista Tim Lopes foi morto, ela manteve posição crítica contra as autoridades do Estado que, segundo ela, permitiram que a cidade fosse sitiada por criminosos.

Na vida profissional, Janice destaca uma matéria que escreveu para o JB:
— A reportagem — sobre as transações ilegais de ações da CSN que, à época, estava em processo de privatização — foi manchete da edição de domingo e acabou levando à demissão do então Presidente da empresa, Roberto Procópio Lima Neto.

Na Print, ela comanda uma equipe de jornalistas. A empresa de comunicação empresarial é especializada em publicações, relação com a mídia, treinamentos, comunicação sócio-ambiental e consultoria:
— Mas sempre sobra tempo para outras coisas; eu me obrigo a isso. Faço atividades no sindicato e, claro, cuido da família. Aliás, esta é a “atividade” mais importante da minha vida: o maridão e meus três filhos, Fernanda, Felipe e Igor.

Aos 43 anos, na hora de escrever, Janice só tem tempo para o texto jornalístico. Não faz mais os contos e poesias que tanto impressionaram o antigo professor. Para ler, prefere ficção baseada em fatos reais e livros sobre política social e ambiental. E acha que a internet é uma ferramenta muito útil:
— No meu caso, uso para comunicação e pesquisa. Ajuda demais. Para os mais jovens, pode atrapalhar, mas é uma tecnologia que veio para ficar.