Imagens a serviço dos direitos humanos


19/03/2008


José Reinaldo Marques
20/03/2008

Uma nova geração de repórteres-fotográficos vem se destacando na conquista de prêmios no País, na categoria Direitos Humanos. Um deles é Bruno Cecim, duas vezes vencedor do Prêmio ASI de Direitos Humanos, conferido pela Associação Sorocabana de Imprensa — com “Protesto por moradia”, em 2006, e “A longa estrada do saber”, em 2007, ano em que também integrou a mostra Foto Retrospectiva, organizada pela Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos de São Paulo (Arfoc-SP), no Memorial da América Latina.

Bruno nasceu em Belém, em 1978. Passou parte da infância em Salvador e na adolescência morou um ano em Washington. Depois se mudou para São Paulo, onde iniciou a carreira, em que considera fundamental conseguir que a imagem transmita o máximo de informação num formato direto e sintetizado. Antes de se profissionalizar, porém, fez Artes Plásticas e trabalhou com audiovisual:
— Minha família sempre esteve ligada às artes em geral. Durante muitos anos, minha mãe foi Diretora do Arquivo da Bienal de São Paulo, da qual participei — inclusive, numa delas, como montador. Minha casa era recheada de quadros. Além disso, meu pai, Vicente Cecim, e minha avó são escritores — ele também fez cinema. E meu tio Osmar Pinheiro, artista plástico falecido há pouco tempo, me levou às aulas de artes plásticas.

Esse background mostra-se tão forte na fotografia de Bruno que os colegas mais experientes têm comentado seu estilo “diferente”:
— Eles dizem que é nítida a influência da pintura no meu trabalho. Não tinha percebido isso, mas hoje acho que concordo. Fotografar é como ter uma tela em branco na frente — e a gente a pinta do jeito que quer. Além disso, tem a questão da profundidade, do enquadramento, as cores e a estética da foto. No meu caso, tudo isso está relacionado com o contato com a pintura.

A escolha

Bruno Cecim estudou Fotografia no Senac e no Sesc e freqüentou cursos de Fotojornalismo:
— Eu fazia um curso de Vídeo, estava com 20 e poucos anos e tinha realizado dois documentários em equipe. Sabia que em algum momento seria obrigado a optar. O filme é uma realização coletiva e eu queria desenvolver um trabalho solo. Então, fiz ensaios de moda, registrei eventos institucionais, aniversários, casamentos… Paralelamente, freqüentei uma infinidade de cursos Tinha idéia de ser diretor de fotografia para cinema, inicialmente.

Nesse período, contou também com a ajuda do fotógrafo italiano Lamberto Scipioni, de quem foi assistente em São Paulo:
— Durante todo o tempo, procurei escutar bastante e conhecer sobre a área em que o Lamberto estava atuando naquele momento, a arquitetura moderna da cidade. Até gostei, mas vi que ainda não era aquilo que eu queria.

Imprensa

Para Bruno, o fotojornalismo se apresenta como um desafio diário, cheio de dificuldades e situações inusitadas:
— Logo que vi que a imprensa é que ia me preparar mais rapidamente e melhor para o que eu finalmente descobri que queria, mergulhei de cabeça.

Há oito anos, estreou na agência Futura Press e teve fotos publicadas em veículos como Folha de S.Paulo, Correio Braziliense, Diário do Nordeste, Agora São Paulo, Época e IstoÉ!:
— Foi uma escola muito legal e me ajudou a querer dar sempre o melhor de mim na hora de fotografar. Eu me apaixonei pelo fotojornalismo, mas ainda tenho o bichinho do cinema dentro de mim, acho que não vou perdê-lo nunca. Então, vou levando as duas coisas.


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