Documentarista com gosto pelo didatismo


30/08/2006


José Reinaldo Marques
01/09/2006

Há 29 anos o carioca Ricardo Azoury dedica-se ao fotojornalismo. A paixão nasceu quando ainda cursava o ensino médio e ficava horas folheando revistas estrangeiras especializadas na banca de jornal perto de sua casa, em Copacabana:
— Ficava fascinado com o poder de influência e de transformação que aquelas imagens sugeriam. Na época, porém, não pensava que seguiria essa carreira ou que ficaria tanto tempo numa só profissão. Mas ser fotógrafo me permite vivenciar experiências múltiplas, atuando em áreas supervariadas, o que, de certo modo, é como mudar de trabalho.

O portfolio de Azoury é vasto e aborda de temas sociais a fatos corporativos. E é por causa da atuação em pautas muito diferenciadas que ele diz não ter tempo para se dedicar a um único tema:
— No Brasil, sempre foi difícil para o fotojornalista se especializar apenas numa temática. Eu me considero um fotógrafo documentarista que gosta muito de ver suas fotografias publicadas em livros didáticos.

Azoury fez curso de Fotografia no Senac — onde lhe ensinaram a pôr filme na máquina, revelar e ampliar — e diz que só há um jeito de se aprender a fotografar:
trabalhando. O único vínculo empregatício mais duradouro que teve foi em 1977, na redação da Manchete, onde ficou apenas um ano:
— Foi tempo suficiente para eu entender que, como empregado, não teria a liberdade de fotografar o que queria e do jeito que desejasse. É aquela velha história do burro amarrado: ele só pasta até onde a corda estica, e a corda é sempre do patrão.

Freelancer desde 1978, a partir dos anos 80 Azoury teve a sua produção fotográfica reconhecida por diversas agências estrangeiras, que dão muita visibilidade ao seu trabalho no exterior. Atualmente é colaborador da agência Redux Picture, que tem sede em Nova York. Para ele, é um prazer enorme trabalhar com revistas, “porque o veículo tem um ritmo mais tranqüilo de trabalho, o que dá ao fotógrafo mais tempo para a reflexão e a elaboração da matéria”.

Amazônia

Ricardo Azoury foi parceiro dos fotógrafos Claus Meyer e Rogério Reis (com quem já havia trabalhado na Agência F4, no Rio) na Tyba Agência Fotográfica, criada em 1989. Deixou a sociedade, mas continua como colaborador do arquivo da agência. 

Ao longo da carreira, fez mais de 40 viagens à Amazônia e diz que até hoje fica impressionado com os conflitos da região:
— A Amazônia me impressiona pela grandiosidade e a riqueza de sua mata, mas me chama atenção também o alto índice de destruição.

As questões ecológicas são uma preocupação do fotógrafo, bem como os problemas vividos pela camada mais pobre da população brasileira, retratados em imagens como as do garimpo de pedras preciosas de Teófilo Otoni, em Minas Gerais:
— Quando visitei o local, tinha como expectativa o fato de o nosso País ser fruto dos bandeirantes e o interesse em entender o que faz um homem se submeter a condições de vida duríssimas, em troca da ilusão de ficar rico de um dia para o outro.

Para Azoury, o fotojornalismo no Brasil, como em qualquer parte do mundo, “é marcado pelo comportamento independente dos profissionais”:
— Nesse contexto, seu grande momento ocorreu nos anos 80.

Mesmo sendo muito exigente com o resultado de seu trabalho, Azoury não se preocupa com premiações. O que importa, diz ele, é que suas fotos sejam reconhecidas pelo impacto social e artístico que provocam:
— Meu trabalho é documental e marcado pelo social. O desafio é a foto estar na fronteira do que é reconhecido como um documento e ter uma composição gráfica sempre associada às artes plásticas.

Por causa da fotografia, Azoury consegue fazer o que adora: viajar e contar histórias.
— Ainda bem que não é possível fotografar por telefone ou pela internet — brinca.

E revela seu grande sonho: 
— Viver unicamente de meus direitos autorais. Isto é, não precisar fazer matérias encomendadas.
 
 

Clique nas imagens para ampliá-las: 

“Estes meninos
eram…”

“Durante 
os Jogos 
Indígenas…”

“Esta foto 
foi faz 
parte do…”

“No delta do
rio Parnaíba, homem…”

“Nesta foto, 
sinto que registrei…”

“O túnel 
tem cerca
de 300…”

“Esta é 
uma cena 
típica das…”

“A torcida
do Flamengo 
saúda…”

“Do alto da favela do 
morro do…”

“O homem
na cadeira 
de rodas…”