23/08/2006
Claudio Carneiro
25/08/2006
Com apenas 31 anos de idade e nove de carreira, Odair Leal já é um dos mais experientes repórteres-fotográficos do Acre. Com uma Pentax analógica nas mãos, ele começou como estagiário do extinto jornal A Semana, em 98. Mesmo sofrendo uma certa resistência de “colegas mais tarimbados”, em menos de um ano já estava trabalhando em um dos principais diários da cidade, A Gazeta. Hoje, equipado com uma Canon 10D digital, Odair atua em outro importante jornal acreano, O Rio Branco, onde está desde 2000.
Preocupado com as desigualdades sociais, ele costuma fazer fotos do cotidiano:
— Em nossa região, os índices de miséria são alarmantes. As pautas podem ser diversificadas.
Odair José Leal de Sá nasceu em Rio Branco. Já fez muitas coberturas importantes, sendo a mais arriscada para a Folha de São Paulo, em 2000:
— Era uma matéria sobre prostituição infantil no Acre, mas o motorista do táxi que nos levou até a fronteira nos relatou que meninas se prostituíam na Bolívia. Foi muito perigoso, pois estávamos em outro país, a dez quilômetros de nosso território. Se fôssemos descobertos, poderíamos ser presos. Depois dessa reportagem, fui contratado como colaborador da Folha.
Como freelancer, Odair teve trabalhos publicados em importantes jornais e revistas do País, como Folha de São Paulo, Valor Econômico, O Dia, O Paraná, Correio Braziliense, A Crítica, Diário do Amazonas, Veja e Época, e até em famosos veículos internacionais, como o Washington Post.
Temas
A devastação da Amazônia é um tema que marca o trabalho do fotógrafo. Para ele, quem vê as imagens mais divulgadas da região não imagina as tragédias e mazelas sociais que se escondem por trás de uma rica natureza.
— Por isso, tento mostrar as belezas da Amazônia, mas também revelo que aqui há um povo que sofre e que quer ser feliz. Adoro fotografar o real, o cotidiano, clicar pessoas que sentem na pele o abandono ao qual foram submetidas pelos políticos.
Para Odair, a fotografia é uma arte que depende da luz para poder existir. Mais que isso: ela exerce um papel fundamental na História da humanidade, “principalmente a foto jornalística, que tem a missão de denunciar a verdade dos fatos que acontecem no mundo”. Em sua avaliação, o repórter-fotográfico atua como um juiz ou um advogado, denunciando as mazelas da vida.
— É emocionante estar presente aos fatos que podem marcar a História e registrá-los, para que as futuras gerações possam ter um outro olhar sobre os acontecimentos que daqui a algum tempo serão parte do passado.
Sobre as novas tecnologias, Odair diz que tornaram o fotojornalismo uma atividade mais prática e mais ágil. E cita a fotografia digital, as novas formas de tratamento de fotos e o envio de arquivos por e-mail como avanços que se tornaram indispensáveis à profissão.
Para quem está chegando, ele dá uma receita:
— No dia-a-dia da reportagem fotográfica, a sensibilidade e a sorte são elementos que fazem a diferença — mas é claro que amor, empenho, determinação e paciência são indispensáveis. O fotógrafo deve procurar sempre um ângulo novo, um diferencial, porque em nossa profissão somente se sobressai quem tem a capacidade de mostrar os fatos de uma maneira que ninguém ainda foi capaz de registrar.
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