Copa da Alemanha


16/06/2006


Jornalistas brasileiros entram em campo 

José Reinaldo Marques
9/6/2006

A Copa do Mundo de 2006 foi aberta oficialmente na manhã desta sexta-feira, 9 de junho, e o planeta Terra já vive em função de outra bola até 9 de julho, data de encerramento da competição.

Durante um mês, estádios estarão tomados por milhares de torcedores, acompanhando e torcendo entusiasmados pelas seleções dos seus países. Em campo, se movimentarão as equipes de jogadores que disputarão a tão cobiçada taça do Mundial da Alemanha. E em todo o globo, milhões de cidadãos estarão grudados nos aparelhos de rádio e TV ou navegando nos sites de notícias na internet e buscando mais e mais informações sobre os jogos nos jornais e revistas.

No poema “Mané e o sonho” — em homenagem a Garrincha, um dos maiores fenômenos do futebol brasileiro, que brilhou nas Copas de 58 e 62 —, Carlos Drummond de Andrade escreveu que a necessidade que a população brasileira tem de esquecer os problemas agudos do País, “difíceis de encarar”, faz com que o futebol se torne a felicidade do povo — “pobres e ricos param de pensar para se encantar com ele.”

E esse encantamento de que nos fala o poeta, para chegar a nós, passa por grandes equipes de repórteres, redatores, cronistas esportivos, fotógrafos, câmeras, locutores, editores e produtores de Jornalismo.

Olho no Brasil

   Centro de Imprensa no Estádio de Berlim

A estréia da seleção brasileira será contra a Croácia, dia 13, às 16h, em Berlim. Especialmente nesse dia — e nos dos demais jogos do Brasil —, alguns dos principais veículos brasileiros — como os jornais O Globo, Extra, JB, O Dia, Folha e O Estado de S. Paulo e as TVs Globo, SporTV, ESPN Brasil e BandSports — terão também em campo suas equipes de profissionais para relatar todos os movimentos da partida.

Segundo a Agência Reuters de Notícias, 800 jornalistas (dos quais mais da metade brasileiros) do mundo inteiro estão destacados para acompanhar a nossa seleção. As emissoras de TV aberta e por assinatura credenciaram 385 profissionais e, segundo a Assessoria de Imprensa da CBF, o jornalismo impresso nacional teve direito a credenciar 130 jornalistas — cem de texto, 30 de fotografia. A Fifa calcula em mais de 10 mil os profissionais de comunicação que estarão trabalhando nesta Copa. 

Sem revelar números, Antônio Nascimento, editor de Esportes do Globo, informa que em termos de custos para o veículo — pelo fato de o Brasil ser o atual campeão e de muitos brasileiros viverem na Europa — o Mundial da Alemanha é mais caro que o anterior, realizado na Ásia. O jornal tem uma equipe de 51 profissionais participando da cobertura desta Copa: 29 baseados no Brasil e 22 na Europa. A que atua na Alemanha é chefiada por Diretor de Redação Rodolfo Fernandes. Com ele estão 11 repórteres, seis colunistas, um profissional de tecnologia e dois repórteres-fotográficos. Do mesmo Grupo, foram enviados para lá dois repórteres do Extra!, dois do Diário de S. Paulo e Alan Caldas, do Globo Online.

Antônio Maria Filho

Dos profissionais do Globo, o mais experiente em cobertura de Copas é Antônio Maria Filho: tem nove no currículo. Ele e os colegas Marcos Penido, Tadeu Aguiar, Felipe Awi e Pedro Mota Gueiros são os responsáveis por acompanhar os jogos da seleção brasileira. Já os repórteres Pedro Jupa e Fernando Duarte (atual correspondente do jornal em Londres) estão fazendo as suas estréias nesse tipo de cobertura.

Os leitores do Globo vão poder acompanhar todo o noticiário esportivo do Mundial pelo caderno colorido (com média diária de 14 páginas) especialmente produzido para o evento. De acordo com Antônio Nascimento, a idéia é fazer um produto atraente até para quem geralmente não lê notícias esportivas:
— Queremos trazer todos os leitores para dentro do caderno de Esportes, por isso teremos colunistas como João Ubaldo Ribeiro, Verissimo e Artur Xexéo. Vamos mostrar também assuntos de interesse feminino, para atrair as mulheres com informações do seu interesse.

Minutos de fama

A Copa da Alemanha é a terceira de que Antônio Nascimento participa como editor de Esportes. O jornalista está no Globo desde 1996 e se recusou a ser fotografado para a matéria:
— Por favor, me tira dessa (risos). A Copa do Mundo representa os 15 minutos de fama do editor de Esportes. Num evento como esse, ele vira a pessoa mais importante do jornal. Eu dei sorte. Na minha primeira Copa como editor, a seleção brasileira foi vice (França, 1998) e, na seguinte (Coréia e Japão, 2002), pentacampeã.

O editor do Globo diz que, quando a seleção brasileira ganha um título, os minutos de fama “duram um pouquinho mais”, mas como geralmente, no Brasil, as Copas coincidem com o período eleitoral, “o esporte acaba caindo no esquecimento”.

Na Folha de S. Paulo, o editor de Esportes é José Henrique Mariante, que explica que a fórmula de cobertura das Copas, no jornal, tem sido a mesma organizada há dez anos:
— O software (programa de computador) é o que usamos desde 1994, quando a Folha se voltou mais para o futebol e a cobertura da Copa aumentou de tamanho. Mas não caímos na mesmice e vibramos sem inventar. Continuamos a fazer um jornalismo diferenciado e crítico. E evoluímos na iniciativa de integrar o site com o produto em papel.

O editor da Folha diz ainda que essa estratégia foi bem recebida pelo leitor:
— A taxa de aprovação é de 90%. Temos conseguido atrair para a página esportiva até mesmo o leitor que não é o tradicional em matéria de futebol, aquele que, para fugir dos horrores mostrados diariamente na mídia, procura o esporte.

O jornal enviou 19 pessoas para a Europa para acompanhar os jogos — 11 repórteres, quatro colunistas, dois fotógrafos e dois técnicos. No Brasil, atuam 40 profissionais da editoria de Esportes, que, juntamente com os jornalistas do site, produzem o conteúdo do Caderno Copa e da Folha Online.

Novas seções

                    Ubiratan Brasil

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Para dar ao leitor o máximo de notícias sobre a Copa do Mundo, o Grupo Estado (O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde e Agência Estado) criou novas seções no portal do Estadão, que também exibirá o placar enquanto as partidas estiverem sendo disputadas. As equipes do jornal enviadas para a Alemanha alimentarão a página com notícias em tempo real e três blogs trarão informações exclusivas.

De acordo com Ubiratan Brasil, chefe de reportagem da editoria de Esportes, o jornal tem 48 profissionais trabalhando na cobertura da Copa: 28 estão na Europa e 20 na redação, em São Paulo. Segundo ele, para um trabalho desse porte, a principal estratégia “é buscar enfoques diferenciados, principalmente em relação aos sites, à televisão e ao rádio, que trabalham com a notícia imediata. Assim, ao folhear o jornal no dia seguinte, o leitor vai dispor de matérias exclusivas além do noticiário já divulgado”.

Três repórteres de texto e três repórteres-fotográficos foram destacados para acompanhar a seleção brasileira — uma dupla já faz o trabalho desde a viagem dos jogadores para a Europa, há três semanas. Outros jornalistas estarão cobrindo os jogos de Alemanha, Itália, Portugal, Argentina, França e Inglaterra. Alguns dos profissionais enviados têm experiência em Copas, como Eduardo Maluf, Antero Greco, Luiz Augusto Mônaco e Luiz Augusto Símon.

Ubiratan conta que o Estadão também criou um caderno especial para o Mundial:
— Criamos um projeto especial baseado na diagramação adotada pelo jornal em 2004. Novos quadros foram acrescentados como o foto-repórter (com imagens enviadas por leitores), reprodução dos blogs dos enviados especiais, cartas de leitores e colunas diárias de Daniel Piza e Luis Fernando Verissimo. 

Guia da Copa

                   Hélio Cícero

No campeonato disputado na Ásia, em 2002, apenas o repórter Mauro Leão fez a cobertura do Dia. Desta vez, o jornal mobilizou toda a editoria de Esportes para a cobertura da Copa da Alemanha.

De acordo com o editor Hélio Cícero, o trabalho foi dividido entre duas equipes: 15 jornalistas do caderno esportivo Ataque atuam na redação, no Rio, e foram enviados à Europa Otávio Leite, Marluci Martins, Mauro Leão, Leslie Leitão e Márcio Guedes e o fotógrafo Marcelo Régua. O jornal conta também com um repórter freelancer na Alemanha e com “o reforço da Geral, que faz as matérias de comportamento na cidade”. Os que viajaram, diz Hélio, acumulam experiência em cobertura de Copas:
— Até o caçula da turma, o Otávio Leite, não é estreante. E esta é a quarta Copa do Mauro Leão, a terceira da Marluci, a segunda do Leslie e a sétima do Márcio Guedes.

Para que os leitores possam acompanhar tudo o que rolar na Alemanha, Hélio conta que O Dia lançou esta semana o Guia da Copa, revista com papel especial e 84 páginas. A publicação foi distribuída encartada no jornal de segunda-feira, dia 5, e criada pela equipe do jornal (editores de infografia, de arte e designers, além dos editores e repórteres do Ataque):
— O guia conta a história de todas as Copas, uma página para cada seleção atual, com relação completa dos jogadores, informação sobre os países participantes, tabelas, infográfico com os 12 estádios, as promessas e os craques do Mundial, curiosidades e muito mais. 

Melhores momentos
na telinha e no rádio