ABI fará ato para lembrar os 60 anos do Comício da Central do Brasil


03/01/2024


Por Xico Teixeira, do Conselho Deliberativo da ABI

A ABI vai realizar, no próximo dia 13 de março, 16h00,um Ato Comemorativo dos 60 anos do Comício da Central do Brasil. O evento está inserido no calendário da campanha 60 ANOS DO GOLPE – DITADURA NUNCA MAIS e terá a presença de políticos e familiares de personagens que fizeram a história em 1964, como o ex-presidente João Goulart entre outros. A informação foi divulgada neste sábado (30), na coluna de Ancelmo Góes, membro do nosso Conselho Consultivo.

O primeiro ato da campanha foi no dia 06 de dezembro com uma grande manifestação diante das ruínas da Usina de Cambaýba, em Campos, Norte do Estado do Rio, local onde teriam sido incinerados os corpos de pelo menos 12 presos políticos mortos pelas forças militares da ditadura.

Outros eventos serão realizados até o dia 01 de abril de 2024, quando haverá uma grande Marcha Pela Democracia e um ato público na cidade de Juiz de Fora. Será um movimento reverso do que foi encabeçado pelo general Mourão Filho, então comandante da 4ª Regiao Militar, que em final de março de 1964 desceu com suas tropas daquela cidade mineira para o Rio de Janeiro.

O ato em Cambayba deu o tom do que deverá ser este movimento de reafirmação da democracia. De acordo com levantamentos feitos pela Comissão da Verdade, Justiça e Reparação, o regime militar é responsável pelo desaparecimento de 435 corpos de presos políticos no período dos anos de ditadura. O delegado Claudio Guerra, torturador confesso e um dos poucos punidos pela justiça, os corpos de pelo menos 12 presos foram incinerados nos fornos da usina de Cambayba.

Estavam presentes familiares das 12 pessoas que, segundo relato de Claudio Guerra, foram incineradas naquele local – Ana Rosa Kucinski Silva (ALN), Armando Teixeira Frutuoso (PCdoB), David Capistrano (PCB), Eduardo Collier Filho (APML), Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira (APML), João Batista Rita Pereira (VPR), João Massena Melo (PCB), Joaquim Pires Cerveira (FLN), José Roman (PCB), Luiz Inácio Maranhão Filho (PCB), Thomáz Antônio da Silva Meirelles Neto (ALN) e Wilson Silva (ALN).

Hoje, as fazendas onde estava a Usina de Cana de Açúcar, estão ocupadas pelo assentamento Cícero Guedes, do MST. Ele funciona como um guardião da memória e foi lá no assentamento que se reuniram as caravanas de ativistas do Rio, Minas, São Paulo e Espírito Santo, onde teve um ato político de lançamento da campanha dos 60 anos. Em seguida, foi realizada uma marcha nos pouco mais de 300 metros que separam o acampamento das ruínas da Usina, onde foram feitos pequenos discursos e plantadas mudas de árvores em homenagem aos mortos da ditadura.

O relato de Cláudio Guerra foi possível a partir de contatos de Guerra com o então subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos da Presidência da República, Perly Cipriano, no primeiro governo Lula, e hoje coordenador do Centro Cultural Triplex Vermelho, de Vitória.

Além da ABI, participam desta campanha movimentos sociais ligados aos direitos humanos, representantes de familiares de desaparecidos, partidos políticos, sindicatos, MST, secretarias estaduais e municipais de Direitos Humanos e a Secretaria Especial sobre Mortos e Desaparecidos do Ministério dos Direitos Humanos.