A recompensa e a emoção de ver uma foto publicada


31/10/2007


Marcia Martins 
19/10/2007

O potiguar Canindé Soares ainda era um adolescente quando começou a fotografar aniversários, casamentos e álbuns infantis. Hoje, com 30 anos de profissão no fotojornalismo, não esconde que ainda tem a mesma emoção quando vê uma foto em revistas e jornais. E isso já tendo estado em títulos como IstoÉ e Folha de S.Paulo:
— Ainda hoje me emociono cada vez que vejo um trabalho meu publicado, mesmo depois ter feito milhares de fotos, emplacando imagens quase diariamente em algum veículo de comunicação.

O início da carreira jornalística foi em pequenos periódicos semanais e mensais e revistas de Natal. Com o tempo, chegou a subeditor de Fotografia da Tribuna do Norte, um dos principais do estado. Hoje, trabalha em parceria com várias assessorias de imprensa e continua fotografando para algumas publicações locais, além de colaborar — embora com menos freqüência — com as revistas Caras e Nova Escola e a Agência Estado.

Para Canindé, ter conhecimento do que se vai fotografar, obtendo todas as informações necessárias para saber onde conseguir tirar uma boa foto, é fundamental para quem é freelancer — além, é claro, de conhecer o equipamento que será utilizado:
— Ter domínio do equipamento e um olhar atento e, acima de tudo, gostar do que está fazendo são fatores fundamentais para se conseguir uma boa fotografia.

Leão

Foi na fotografia que Canindé descobriu que pode virar um leão em situações de risco. Para isso, porém, precisa estar com o equipamento fotográfico em suas mãos, trabalhando. Ele se lembra da vez em que, após o massacre de Eldorado dos Carajás, foi cobrir uma manifestação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra, em Natal, quando a polícia tentou impedi-lo de trabalhar. Mesmo apanhando, Canindé não parou de fotografar até que os PMs lhe tomaram o equipamento:
— Eu, que até então parecia cheio de poder, sem medo de nada, entrei em desespero quando me vi sem minha câmera. Como cidadão comum, sou medroso demais, ou melhor, tenho a noção real de perigo. Com a câmera na mão, é exatamente o contrario: perco essa noção, costumo entrar em favelas e fazer qualquer atividade perigosa sem nenhum temor.

Depois de ter trabalhado a maior parte das três décadas de carreira com máquinas analógicas, Canindé diz que não é saudosista e nem quer mais lembrar que o filme existiu. Para ele, a praticidade das máquinas digitais dá mais dinamismo a todo o processo fotográfico, facilitando a vida do profissional:
— A máquina digital só veio facilitar. O estilo, o charme quem dá é o olho do fotógrafo. Todo processo mudou para melhor, facilitando a vida de todo mundo.

Canindé afirma também que não se inspirou em ninguém para fazer fotos, mas confessa ter tido influências de outros colegas, entre os quais Orlando Brito e Evandro Teixeira. Como eles, participou de diversas exposições, sendo que a individual “Brasil, verso e reverso”, de 2005, percorreu oito cidades italianas.

Nos planos do fotógrafo estão conhecer e fotografar vários locais do País, como a Chapada Diamantina, o Pantanal e Ouro Preto, e descer o Rio Amazonas de barco de Manaus até Belém:
— Sou fotógrafo e seria o mesmo quantas vezes tivesse oportunidade de ser. Adoro minha profissão, não a considero um trabalho. E mesmo habituado a essa linguagem ou arte ou seja lá do que queiram chamar, cada clique ainda parece ser o primeiro.


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