A paixão pela fotografia desde criança


24/05/2007


Marcia Martins
25/05/2007

Quem não se lembra da imagem de uma partida entre Brasil e Chile em que o goleiro chileno finge ser tingido por um rojão vindo da arquibancada? Esta foto, vencedora do Prêmio Esso, demonstra bem o talento de Jorge William, cuja paixão pela carreira vem da infância, especialmente do convívio com o pai, Sebastião Marinho, e o tio, Jorge Marinho, ambos repórteres-fotográficos:
— Eles e os amigos promoviam projeções em casa e contavam como tinha sido feita cada imagem. Eu ficava encantado com as fotos produzidas por aqueles excelentes profissionais, vários deles hoje já falecidos, como Aníbal Philot, Antônio Andrade e Luiz Pinto.

Vendo os craques, ele aprendeu a ter uma identidade própria. A estréia foi no jornal em que está até hoje: O Globo, onde na época o chefe era seu pai — ”com isso, acabei sendo mais cobrado do que os outros fotógrafos”, relembra. Começou fazendo cobertura de vôlei de rua e, depois, de jogos Intercolegiais. Mais tarde, passou para o Jornal de Bairros e, em seguida, para a editoria Rio. Em qualquer tipo de cobertura, porém, Jorge ressalta que o importante é estar atento.

Foi prestando atenção em cada detalhe da cobertura do jogo entre Brasil e Chile, que ele viu o rojão sendo disparado da arquibancada, foi clicando até o foguete cair no chão e percebeu quando o goleiro chileno se aproximou para fingir que tinha sido atingido. Além de ser premiada, a foto foi usada como prova para deixar a seleção do Chile afastada de várias Copas do Mundo.

Jorge William já participou de várias coberturas importantes e perigosas, entre elas a do resgate do empresário Roberto Medina. Também cobriu jogos da Copa América, da Copa dos Campeões das Américas e de vários torneios internacionais. Mas também já cometeu suas gafes. No início da carreira, foi escalado para cobrir um jantar em uma boate na Zona Sul do Rio para uma coluna social:
— Este é um tipo de pauta de que a maioria dos fotógrafos foge, mas, como eu era o filho do editor e novato, fui escalado para dar o exemplo de que eu não tinha privilégios. 


Erro de principiante

A festa estava prevista para começar ás 22h. Jorge saiu às pressas e chegou ao local antes do início:
— O ambiente estava escuro. Havia algumas velas acesas e várias pessoas sentadas e bem vestidas conversando. Imediatamente, preparei a câmera e comecei a fotografar, achando todos muito simpáticos. Logo dei o trabalho por encerrado e voltei à redação. Os editores estranharam a festa ter acabado tão cedo, mas eu expliquei que já tinha feito fotos suficientes e boas para serem publicadas. Ledo engano. Na verdade, fotografei garçons e recepcionistas brindando com água mineral. Vendo aquilo, o Marinho, meu pai, começou a socar a mesa e xingar. Tive que voltar pra festa, é claro, e todos na redação riram muito de mim.

Hoje são 26 anos de profissão, sempre se adaptando às novas tecnologias. Durante muito tempo, Jorge William trabalhou com uma Nikon F2-AS. Agora, usa uma Canon EOS 1D-Mark II, que, segundo afirma, é tida com uma das melhores câmeras do mercado. Para ele, a máquina digital acabou auxiliando os fotógrafos.
— Elas fazem as leituras e fica mais fácil tirar fotos em diversas situações.

Mesmo assim, é com saudosismo que Jorge William relembra o tempo em que viajava e tinha que fazer as revelações onde quer que estivesse:
— Isso me deu noções de luz e sombra, perspectivas e diafragmas. E era um prazer fotografar, continuar o trabalho dentro do laboratório e depois passar horas transmitindo as fotos.

Atualmente, Jorge William está no Esporte e só lamenta que o espaço dedicado às imagens nos jornais hoje seja mais ocupado por cenas de violência. Para quem está começando, dá uma dica:
— Ter velocidade de raciocínio e conhecimento da editoria em que for trabalhar. 
 


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