“O conformismo”


14/09/2011


Em conversa altamente significativa, quando em um recente almoço em casa de um amigo, presentes figuras assaz proeminentes, entre militares e civis, em certo momento em que trocávamos nossas impressões sobre questões sociopolíticas em andamento no País, criticando fatos expostos na mídia, um dos nossos interlocutores assim se expressou:
 
“Isto se dá face ao conformismo que atingiu a nossa sociedade”
 
O vocábulo conformismo despertou-me! Seria este o título da minha próxima matéria e assim pensando disse que iria usá-lo, como de fato o faço neste instante.
 
O conformismo é uma doença, ao que me parece,de caráter endêmico, que se propaga na sociedade brasileira com grande virulência, destruidora do ânimo e da coragem, sem que se tenha encontrado, até o presente momento, um antídoto ou vacina que expurgando o mal, sejam capazes de a debelar.
 
Não há sequer reações: Dizem os doutos no assunto que “o conformismo” se, propaga pela saliva dos eloqüentes tribunos nas Casas do Congresso, nas conversas dos Gabinetes dos Ministérios e órgãos afins, irradiando-se por toda a nação, pela mídia sempre presente, até aos órgãos auditivos e de visão do povo, o qual,ao tomar conhecimento de tão belas concepções oratórias, de fundo meramente político, nem sempre as compreende, daí surgir o”conformismo”, fruto evidente da falta de educação.
 
E por aí vamos, meus caros leitores, aguardando reações que não vêm tomando conhecimentos de crimes de toda a espécie, de desmandos, da incongruência pela qual se manifestam os órgãos da Justiça quando da impropriedade de suas sentenças e tempo demasiado para pronunciá-las e outras mazelas de ordem administrativa, que afetam o equilíbrio da nação, destruindo o que ainda resta da fé desse povo ordeiro e trabalhador que desde há muito vem aguardando dias melhores, não calcados por quadros visionários, expostos ante olhos que não podem ver!
 
Metáforas! Sempre as uso! Às vezes facilitam o desdobramento da matéria, considerando a sua subjetividade; todavia, face às dificuldades sensoriais da maioria dos brasileiros já atingidos pelo conformismo, creio caber o movimento ou luta contínua já propagada por toda a sociedade no sentido de reverter essa situação caótica na qual vivemos, enquanto o direito de expressão e da imprensa livre não venham a sofrer qualquer coerção, dizendo o que pensam, criticando, sugerindo, delatando criminosos de quaisquer níveis, testemunhando sem medo atos ilegais dos quais sejam sabedores; enfim, demonstrando um fortalecimento que comprove que estão lutando contra o vírus do “conformismo” de maneira viril e adequada aos que verdadeiramente amam o seu país.
 
Para finalizar, permitam-me dizer-lhes, caros confrades e leitores, que darei um final feliz a esta matéria, ao observar que as reações estão começando a despontar, desfazendo a neblina que se formou dessa palavra”corrupção”. Como disse Shakespeare  “há algo de podre no reino da Dinamarca”.
 
Como já constatamos a existência desse mal entre nós desde há muitos e muitos anos, quem nos poderá afiançar se esse contingente que acaba de ser formado pela Frente Parlamentar contra a Corrupção, logrará o êxito que se espera? Quanto à nossa Associação Brasileira de Imprensa, titular de um jornalismo que nunca falhou nas eras mais difíceis do País, já se colocou ao lado das demais instituições que pretendem  dar suas participações.
 
Constata-se, assim, que a luta agora é do povo, da opinião pública e da nossa imprensa, que não devem depender de lideranças políticas que tanto enganam. Vamos em frente! A ocasião é propícia para revertermos a situação. A sociedade se engalana em festas, mostram os nossos jornais e revistas. Que não deixemos escapar a oportunidade impar que se impõe, numa demonstração inequívoca de que não há mais por esperar. Separemos os bons dos maus. O Brasil tem tudo para revigorar-se em todos os sentidos. O Estado merece ser fortalecido para exigir o respeito que merece dos seus súditos! Afinal, este é o Brasil que nós amamos!
 
 
* Bernardino Capell, sócio da ABI, é jornalista, economista e membro titular do Instituto
de Geografia e História Militar do Brasil.