Na segunda-feira (22), às 18h30, a Comissão de Igualdade Étnico-Racial da ABI dará posse ao seu novo diretor, Luiz Paulo Lima.
O repúdio aos atos racistas contra o jogador Vinicius Jr, na Espanha, marcou a posse do jornalista Luiz Paulo Lima como Diretor de Igualdade Étnico-Racial da ABI.
“Hoje a mídia hegemônica estampou a violência e a resistência solitária de Vinicius Jr. Contraditoriamente, a mesma mídia já esqueceu das mortes de Agatha Félix, de 8 anos, Kauê Ribeiro dos Santos, 12 anos, Kauan Rosário, de 11 anos e todo os que continuam morrendo por balas perdidas, segundo o mapa da violência, a cada 23 minuto” lembrou.
Apresentada pela jornalista Jamile Barreto a cerimônia teve a presença de membros da Diretoria e de parceiros como os representantes do Coletivo Negro da Justiça Federal do Rio de Janeiro.
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Luiz Paulo comenta racismo contra Vini Jr.
Por Luiz Paulo Lima, Diretor de Igualdade Étnico-Racial da ABI
“Quando as condições de existência do operário na sociedade forem compatíveis com a equidade e a justiça , o bem estar será comum a todos os homens” (Gustavo de Lacerda, 1891).
O poeta e compositor Lazzo Marumbi escreveu e nos contou : ….” No dia 14 de maio eu sai por aí. Não tinha trabalho, nem casa e nem para onde ir. Levando a senzala na alma subi a favela pensando um dia descer e nunca desci. Zanzezunzo em todas as zonas da grande agonia. Um dia com fome sem o que comer, sem nome sem identidade sem fotografia. O mundo me olhava mas ninguém queria ver. No dia 14 de maio ninguém me deu bola. Eu tive que ser bom de bola pra sobreviver. Nenhuma lição não havia lugar na escola. Pensavam que poderiam me fazer perder. Mas minha alma resiste, meu corpo é de luta. Eu sei o que é bom e o que é bom também deve ser meu. A coisa mais certa tem que ser a mais justa. Eu sou o que sou porque sei quem eu sou. Será que deu pra entender a mensagem?
– Moço, fique esperto que eu não sou menino”.
Estamos falando de um 14 de maio que insiste em permanecer no mesmo modo de operar sistematicamente os 130 anos. As grandes questões das desigualdades em todos os campos da vida social são revelados nas estatísticas com uma agravante: tratar o racismo como um problema de preto.
Hoje a mídia hegemônica estampou a violência e a resistência solitária de Vinicius Jr. Contraditoriamente, a mesma mídia já esqueceu das mortes de Agatha Félix, de 8 anos, Kauê Ribeiro dos Santos, 12 anos, Kauan Rosário, de 11 anos e todo os que continuam morrendo por balas perdidas, segundo o mapa da violência, a cada 23 minutos.
Aprendemos e continuamos na luta de resistência inspirada em Luiz Gama, Gustavo de Lacerda, Lima Barreto, Luiza Maim, Antonieta de Barros, Carlos Alberto de Oliveira Caó, Abdias Nascimentos entre muitos que já tornaram um mantra que assinala: em sociedade racista não basta ser não racista é preciso ser antirracista.