Os jornalistas, por Balzac


24/07/2008


Colaboração de Maria D’ Arc de Faria Caldas, jornalista e sócia da ABl

Encontrei finalmente “Os jornalistas”, de Balzac. Há muito tinha curiosidade de conhecer, não sei se vou cometer, dizer bobagens a respeito, porque confesso que não concluí a leitura. Pelo menos no início, ele não os descreve favoravelmente; é até desencantadora e pejorativa a descrição dele; não fui muito adiante.

Pouco importam essas opiniões contra, mesmo que seja de um escritor de tal porte.

Eu, pessoalmente, me sinto cômoda e feliz por sê-lo.

Tem até um quê de vaidade, porque a nossa identidade funciona, quebra maneiras, facilita situações, e temos exemplos de muitos médicos, advogados etc. que teimam em querer escrever para jornais. Nós, que eu saiba, não queremos advogar, coisa que até saberíamos bem, defender ou condenar com um pouco de conhecimento se faz. Já os médicos creio que poderiam até ter uma coluna dentro do seu campo de experiência, não como um psiquiatra de Natal-RN, que não sei por que escreve sobre assuntos políticos e até policiais. Aí é muito; por uma questão de elegância não citarei nomes, só se houver revide.

Os jornalistas se fazem de tal e ao terminar o curso juram compromisso com a verdade, e o compromisso com o povo; somos porta-vozes dele. Já que suas reivindicações soam baixo,
não se escuta, aí nós entramos com a palavra escrita, falada, televisada, que tem um poder mais abrangente.

Temos que ver, sentir o povo, não deixá-lo mudo, reivindicar os direitos dele como cidadãos, como gente, como eleitores também, esclarecer, somos seus assessores mesmo. Além disso, também não há mal algum em transmitir mais cultura, de posturas diante da realidade da vida, é aí onde reside o “xis”, a sutileza de informar, reclamar, de preferência sem agredir, ou até de forma mais contundente, mais forte mesmo, caso necessário seja, sem ferir mortalmente ninguém, mas despertar suavemente, ou que seja sacolejando, lembrar em especial aos políticos (nem todos, claro), pedir que baixem os olhos e vejam o que se passa cá embaixo e cumpram suas promessas de campanhas.

Há muito a lembrar.

P.S.:É curioso como muitos de nós temos muito em comum. Tudo a ver. Uns temperamentos meio alucinados, um toque de andarilhos, de aventureiros bem-humorados, um pouco de poeta, de amor às artes, à música, de atração pelo desconhecimento, de destemor…

Assim somos em grande maioria.