28/04/2008
O jornalista J. Guedes de Oliveira lança nesta quarta-feira, dia 30, na Casa da Palavra, em Maceió, o livro “Octavio Brandão — dispersos e inéditos” (Editora Brascolor, Recife), que reúne artigos, ensaios, crônicas e outros escritos do intelectual e político alagoano falecido em 1980.
A trajetória de Octavio Brandão inclui, além de vasta produção intelectual, militância de destaque no antigo Partido Comunista Brasileiro. Traduziu, em 1923, o ”Manifesto comunista”, de Marx e Engels. Foi fundador de diversos jornais de esquerda, entre os quais A Classe Operária, em 1925, e redator-chefe de A Nação, órgão de estudos e informações sobre o PCB.
Perseguido por suas idéias, foi deportado em 1931, juntamente com sua mulher, a poetisa Laura Brandão, e três filhas, para a Alemanha, de onde seguiu para a União Soviética. Ele e a mulher participaram da luta de resistência às forças nazistas que invadiram o país. Laura, considerada heroína, morreu no exílio, em 1942.
De volta ao Brasil, Octavio Brandão teria papel importante nas lutas internas do PCB. Seu segundo casamento, com Lúcia Prestes, irmã de Luís Carlos Prestes, não o impediu de divergir abertamente das posições do líder comunista, a quem acusava de centralizador. Tornou públicas as divergências numa entrevista ao carioca O Jornal, que terminaria censurada, mas circulou num panfleto que mandou imprimir, no qual afirmava: “Explicaremos sem cessar às massas laboriosas que elas não podem ser libertas pelos ‘heróis’, pelos ‘cavaleiros da esperança’. Só poderão ser libertas por suas próprias organizações revolucionárias.”
Devido a essas posições, Octavio Brandão seria “exilado” também do PCB. Afastado da cúpula, não abandonaria as idéias que expunha em artigos e ensaios, muitos quais, inéditos, foram reunidos por J. Guedes de Oliveira em seu livro. As preciosidades foram descobertas no Arquivo Edgard Leuenroth, da Unicamp, e incluem um estudo científico, “Canais e lagoas”, pelo qual Octavio Brandão é considerado pioneiro dos estudos sobre ecologia no Brasil.