11/10/2021
Publicado no portal UOL
Washington, 5 out (EFE).- Frances Haugen, uma ex-funcionária do Facebook que revelou práticas polêmicas da empresa, denunciou nesta terça-feira que quase ninguém fora sabe o que se passa dentro da companhia, onde o público é “repetidamente enganado” sobre efeitos nocivos de suas plataformas.
Haugen disse ao subcomitê de Proteção do Consumidor, Segurança de Produtos e Dados do Senado dos EUA que o seu tempo na empresa revelou uma “verdade devastadora”: a empresa retém informações do público e dos governos.
“Os documentos que forneci ao Congresso provam que o Facebook enganou repetidamente o público sobre o que a sua própria investigação revela sobre a segurança das crianças, a eficácia da sua inteligência artificial e o seu papel na divulgação de mensagens divisórias e extremistas”, afirmou.
Haugen compareceu ao subcomitê da Câmara Alta nesta terça-feira após ter vazado informações nos últimos dias ao “The Wall Street Journal”. A denunciante revelou a sua identidade em entrevista no domingo ao programa “60 Minutes”, da emissora “CBS”.
A ex-funcionária disse que decidiu falar perante o Congresso porque acredita que os produtos do Facebook prejudicam as crianças, fomentam a divisão e enfraquecem a democracia.
“Os líderes da empresa sabem como tornar o Facebook e o Instagram (propriedade do Facebook) mais seguros, mas não farão as mudanças necessárias porque colocam os seus lucros astronômicos à frente das pessoas”, denunciou.
Haugen, que trabalhou como diretora de produto desde 2006 no setor de tecnologia no Google, Pinterest, Yelp e Facebook, disse que o seu trabalho se concentrava em algoritmos e recomendações de produtos aos utilizadores.
O depoimento desta terça-feira no Senado é dedicado principalmente ao efeito do Facebook nos menores de idade.
Haugen disse que a empresa tem os seus próprios estudos que demonstram que a utilização das suas plataformas é prejudicial para os menores, uma vez que podem ser viciantes e incentivar hábitos alimentares que podem levar à anorexia.
Ela frisou que são tomadas decisões dentro da empresa “desastrosas” para crianças e adolescentes, assim como para a segurança pública e a privacidade dos indivíduos.
“É por isso que devemos exigir que o Facebook faça mudanças”, enfatizou Haugen, que explicou que durante o seu tempo na empresa viu como o Facebook sempre se inclinava para os próprios lucros quando tinha de escolher entre eles e a segurança dos usuários.
“O resultado é mais divisão e mais danos. Em alguns casos, esta perigosa conversa online leva a uma verdadeira violência que prejudica e até mata pessoas. Não se trata apenas de alguns usuários das redes sociais estarem zangados ou instáveis, ou de um lado serem mais radicais do que outros. Trata-se de o Facebook optar por crescer a qualquer custo”, lamentou. EFE.