13/02/2007
José Reinaldo Marques
16/02/2007
A fotografia baiana, de acordo com o registro de pesquisadores do tema, surgiu em 1839. Desse período até os dias atuais, a Bahia tem sido muito bem representada, principalmente na imprensa, por um expressivo número de fotógrafos, entre os quais se destaca Fernando Vivas, repórter-fotográfico do jornal A Tarde há quatro anos.
Vivas passou pela IstoÉ — quando a revista pertencia ao grupo da Gazeta Mercantil —, pela Editora Globo e pelas sucursais dos jornais Folha de S. Paulo e O Globo. Sua relação com a fotografia começou a se intensificar no início dos anos 80, quando estava concluindo o antigo curso colegial e se interessou por uma coluna com dicas sobre o assunto, que era publicada no suplemento dominical do hoje extinto Jornal da Bahia.
Hoje, é um dos profissionais mais consagrados nas premiações que costumavam ser promovidas com freqüência pela Associação Bahiana de Imprensa. Também conquistou menção especial na Bienal do Recôncavo e foi o ganhador do Prêmio Cofic de Jornalismo Ambiental, em 2005:
— Mas não tenho o costume de participar de mostras. Gosto mesmo é de ver meus trabalhos publicados em livros, o que já aconteceu duas vezes: em “Cadernos de Fotografia Brasileira”, feito com o apoio do Instituto Moreira Salles, e “Fotografia na Bahia de 1855 a 2006”.
Nostalgia
Em tom nostálgico, o fotógrafo conta que, revirando gavetas à procura de papéis, às vezes se emociona quando depara com suas lembranças:
— Abrindo caixas, me vem o perfume do tempo, como a “flor azul” de Novalis.
Pedindo desnecessárias desculpas, ele conta que até se permite chorar. Como quando, recentemente, achou uma de suas primeiras fotos — “de 1985 ou 86, não lembro precisamente”. O local, segundo ele, é inesquecível: Capim Grosso, no sertão da Bahia, região onde costumava passear com seu pai, durante as férias.
— A foto é a imagem de homens velhos que dividem a sombra de um guarda-chuva numa feira. Eu me aproximei deles com olhar tímido e curioso, fui recebido com sorrisos e tive a permissão para apontar meu estranho objeto prateado para os seus semblantes. Tenho um carinho especial por essa imagem. Foi umas das primeiras que fiz na vida e talvez seja a que me fez seguir adiante, acreditando nesse ofício de perpetuar sentimentos.
Aos 42 anos de idade, Vivas conta que, quando pensou em cursar uma faculdade, optou por Arquitetura, influenciado pela fotografia. Mas logo abandonou o curso e foi trabalhar como laboratorista numa campanha política, revelando e editando fotos que às vezes ele mesmo levava aos jornais:
— Assim, fui me aproximando das redações e começaram a surgir os primeiros frilas. Um amigo de infância, que estava fazendo Jornalismo, me convidou para fotografar para a revista Nova Escola e, então, eu fui cadastrado na Editora Abril. Um belo dia, me ligaram da sucursal da Veja em Salvador. Precisavam com urgência de um fotógrafo para cobrir uma pauta e os profissionais que costumavam trabalhar para a revista estavam ocupados, só restava meu nome. Foi o começo de uma parceria de uma década com a Abril.
Religiosidade
Assim, Fernando Vivas conseguiu trabalhar como freelancer para todas as revistas do Grupo Abril, especialmente a Veja. Em 2000, foi chamado para ser colaborador fixo da Caras, em que trabalhou até 2003, quando se transferiu para o jornal A Tarde.
Sobre as pautas que mais gosta de cobrir, diz que são as que lhe dão a oportunidade de estar no meio do povo, registrando seus hábitos, anseios e manifestações:
— Meu tema predileto é a religiosidade popular, que costumo registrar mesmo quando não estou pautado pelo jornal. E como aqui na Bahia o sincretismo é muito forte, o tema sempre rende boas imagens.
Vivas define o fotojornalista como “um pintor com pressa”, mas diz que é detalhista e valoriza muito a composição numa foto, sempre buscando achar um ponto de vista inusitado para explicar o assunto.
Quando se refere ao desenvolvimento da fotografia brasileira, afirma que ela vem passando por um momento de transição com a tecnologia digital e que essa mudança provocou uma queda no volume de trabalho e remuneração. Ao mesmo tempo, porém, admite que a popularização desse processo e a agilidade na transmissão de imagens, quase em tempo real, está formando um novo leitor:
— E esse novo leitor é um consumidor exigente de imagens, que valoriza uma nova forma de se ilustrar a notícia.
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