27/08/2008
José Reinaldo Marques
29/08/2008
A ecologia sempre fez parte da vida do gaúcho José Luiz Paiva, que se sente satisfeito com a carreira de fotógrafo, mas ainda tem em pauta muitos projetos. “Acho que, acima de tudo, sou um realizador”, diz Zé Paiva, que lançou recentemente um livro documental, “Expedição Natureza Gaúcha”, “que alia ciência e arte”, que virou exposição e faz parte de um trabalho iniciado há 15 anos, com “Parques de Santa Catarina”:
— Sempre gostei de natureza, desde a infância, quando ia passar as férias na chácara de minha avó, em Bagé-RS. Durante muitos anos, enquanto eu fazia foto publicitária profissionalmente, fotografar a natureza era meu hobby de fim de semana.
Formado em Engenharia Mecânica, logo ele percebeu que não tinha feito a escolha certa:
— Fotografar é o que eu gosto de fazer. Quando tinha 12 anos, fui ao Uruguai com minha avó e virei o fotógrafo oficial da viagem. Aos 20, passei dez meses na Europa, e então o passatempo já era levado a sério. Usava uma câmera SLR, lentes e tudo mais, mas ainda não pensava na fotografia como opção profissional. Até que resolvi experimentar um estágio na sucursal do Globo, em Porto Alegre, e não parei mais.
Ainda na capital gaúcha, depois da sua passagem pelo Globo, Zé Paiva fes outro estágio, num estúdio de publicidade, e trabalhou no jornal Zero Hora:
— Como não havia feito faculdade de Jornalismo, enfrentei alguma resistência. Quando o Diário Catarinenese, do grupo RBS, estava para ser lançado, eu me mudei para Florianópolis, para trabalhar lá. Acabei montando um pequeno estúdio, que eu mesmo havia montado e fazendo publicidade por muitos anos, até encarar a minha verdadeira paixão: a fotografia de expedições.
Trabalho autoral
Quando criou o projeto Expedição Natureza, Zé Paiva pretendia documentar as mais importantes unidades de conservação ambiental brasileiras:
— A idéia é mostrar um olhar autoral e fugir do clichê. O texto dá o suporte, falando um pouco sobre essas áreas e o que existe lá, mas são livros predominantemente fotográficos.
Para fazer os registros para os livros dedicados a Santa Catarina e ao Rio Grande do Sul, Zé Paiva viajou longas horas, mas afirma que “tudo vale a para registrar as reservas naturais do Brasil”. A última expedição começou na planície litorânea e áreas como o Parque Nacional da Lagoa do Peixe e a Estação Ecológica do Taim. A fase seguinte foi no planalto gaúcho e incluiu a Reserva Biológica Estadual da Serra Geral, a Estação Ecológica Estadual de Aratinga, o Parque Estadual de Tainhas e Parque Nacional da Serra Geral. O último percurso foi da Serra do Sudeste, em Caçapava do Sul, até Missões, passando pela Depressão Periférica e o Rio Uruguai:
— Todo esforço despendido é sempre muito recompensado.Se uma pessoa ficar sensibilizada por uma imagem minha e isso mudar alguma coisa no jeito de ela olhar o mundo, já valeu. Além disso, descubro lugares deslumbrantes. No Rio Grande do Sul, fiquei impressionado com a região da campanha, com os pampas. O Parque da Lagoa do Peixe também impressiona: sua avifauna é exuberante.
Textura e paisagem
Zé Paiva diz que a profissão o fez olhar o homem, os animais e os recursos naturais sob nova perspectiva:
— O fotógrafo desenvolve um olhar percuciente sobre a bela luz, a textura e a paisagem, e isso faz com que nós apreciemos o mundo ao nosso redor mesmo sem uma câmera nas mãos. Meu irmão mais novo diz que essas imagens são como fotos virgens: ficam somente no cérebro.
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