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Um livro sobre o pioneirismo das mulheres no Brasil


24/06/2008


Primeira mulher brasileira a se apresentar como voluntária para participar da Segunda Guerra Mundial, a Major enfermeira, jornalista, historiadora e escritora Elza Cansanção Medeiros acaba de terminar um livro sobre a história de outras mulheres, que, como a própria autora, foram também pioneiras do Brasil.

Ainda sem data prevista para o lançamento, “Mulheres: alicerce de uma pátria forte” tem cerca de 300 páginas, onde apresenta 110 perfis biográficos de personagens femininas brasileiras cuja vida foi marcada pelo pioneirismo. O livro foi prefaciado pelo jornalista e acadêmico Arnaldo Niskier.

Elza Cansanção Medeiros disse que sempre editou seus próprios livros, mas desta vez está à procura de uma editora para publicar a obra, sobre a qual comentou:
— O livro reúne biografias de mulheres brasileiras, que foram o alicerce de uma pátria forte. No livro mulheres pioneiras e heroínas aparecem relacionadas desde 1510, a exemplo de Clara Camarão (casada com Antônio Felipe Camarão, índio Poti) que comandou um pelotão feminino que teve atuação decisiva no combate aos holandeses em uma batalha que ocorreu em Porto Calvo, em 1637.

A historiadora fala também das mulheres que se destacaram na Guerra do Paraguai, praticaram atos de bravura mas que não são citadas na historiografia sobre esse combate. A autora fala de outras curiosidades que serão apresentadas no livro:
— Apresento a biografia da primeira mulher barbeira na Polícia Militar do Rio de Janeiro, a primeira motorista de táxi e uma série de iniciativas que foram realizadas por mulheres interessantes.

A Major Medeiros reclama da falta de memória da sociedade brasileira e do pouco interesse pela sua história, dizendo que esses foram os motivos que a levaram a escrever o livro:
— Os meus motivos foram a falta de conhecimento no Brasil de fatos históricos e o machismo que faz com que os relatos historiográficos só se refiram aos heróis masculinos. Esquecem-se por exemplo de uma Jerônima de Almeida, que em 1624 foi condenada por Maurício de Nassau, mas que acabou sendo liberada em troca de um pão de açúcar que naquela época valia mais do que ouro.

Essas e outras histórias estão contadas no livro de Elza Cansanção Medeiros, inclusive sobre um município do estado de Alagoas, onde todos os postos chaves (prefeita, juíza, promotora, entre outros) eram ocupados por mulheres. “Só as mulheres mandavam”, diz Elza que completou 58 anos como sócia da ABI, na qual ingressou em 21 de março de 1950. 

Acervo

Elza Cansação Medeiros tem orgulho de pertencer à terceira turma de jornalistas diplomados pela antiga Faculdade Nacional de Filosofia. A vocação para apurar e escrever vem desde menina, quando aos 12 anos de idade escrevia seus primeiros artigos para algumas revistas e pequenos jornais de Alagoas. Foi o então Senador Arnon de Mello, pai do ex-Presidente Fernando Collor, quem a incentivou a ingressar na ABI:
— Ele achava muita graça dos meus primeiros passos na imprensa e me incentivou a me filiar à ABI. O que eu fiz quando me formei em Jornalismo.

A Major Elza Cansanção é a responsável pelo acervo da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Contou que o seu arquivo particular tem cerca de 5 mil fotografias da Segunda Guerra Mundial:
— Eu tenho mais fotos do que eles (FEB). Para organizar o meu acervo de 5 mil fotografias contei com a ajuda de muita gente. Saio catando as imagens com militares que participaram da Guerra ou com seus parentes, seja no Brasil ou no exterior, por isso só eu tenho esse volume de fotos. Há pouco tempo um amigo meu me trouxe da Alemanha uma fotografia de soldados alemães em ação com seus cães, na qual ambos aparecem usando máscaras contra gases.

Ano passado Elza Cansanção Medeiros recebeu a autorização para pesquisar os arquivos do Ministério da Defesa da Alemanha. Disse que passou uma semana vasculhando os arquivos, e que embora não fale alemão muito bem acabou conseguindo encontrar papéis importantíssimos, como os 50 documentos sobre os torpedeamentos dos navios brasileiros:
— Como historiadora do Exército brasileiro consegui fazer essa pesquisa no Ministério da Defesa alemão, em Berlim. Os documentos que eu encontrei servem para desmanchar essa idéia maluca de que foram os norte-americanos que torpedearam os navios brasileiros. Uma vez em Maceió tive que processar um coronel por calúnia e difamação, porque ele me chamou de ignorante publicamente porque eu defendia a versão que os ataques tinham sido feitos pelos alemães.

Elza Cansanção tem quatro livros publicados: “Nas barbas do Tedesco”, “E foi assim que a cobra fumou”, “Dicionário de Alagoanês”, “Eu estava lá” e “1…2…Esquerda…Direita…Acertem o passo”. Enquanto aguarda pela edição do seu quinto livro, está colaborando com a edição especial ilustrada da revista do Exército brasileiro Contando a História, com 800 fotografias acompanhadas de textos legendas. As fotos já foram publicadas no seu livro “Eu estava lá”, sobre a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial.