27/07/2021
François Truffaut – O Cinema é Minha Vida tem o objetivo de produzir uma experiência. Um ensaio editado de um amor inquebrável pela chancela filosófica (e pessoal) do realizador francês François Truffaut, que aqui perde identidade sexual ao ser interpretado por Patricia Niedermeier. No filme brasileiro de 2021 e com 60 minutos, a única voz que escutamos é aquela da grande atriz Jeanne Moreau cantando Le Tourbillon,tema de Jules e Jim: Uma Mulher para Dois (1961), de Truffaut. O cineasta francês serve de inspiração para os diretores Cavi Borges, Patrícia Niedermeier e Rodrigo Fonseca construírem sua homenagem à cinefilia.
Filme
Na trama deste filme-peça, um diretor famoso se encontra dentro da Cinemateca Francesa. No camarim, ele espera a chamada para iniciar uma entrevista sobre sua carreira. Enquanto isso, relembra os filmes e os melhores momentos de sua vida. Patrícia Niedermeier interpreta o papel principal.
François Truffaut – o Cinema é Minha Vida é peça-filme que mistura dança, música, projeção de vídeos e recitação para lembrar as seis décadas de Os Incompreendidos, primeiro filme do cineasta francês que morreu aos 52 anos, em1984, de um câncer devastador.
Em junho de 2021, completaram-se 62 anos do lançamento de Os Incompreendidos, uma das obras seminais da Nouvelle Vague. Além de premiar um diretor estreante no Festival de Cannes, o filme marcou o começo da colaboração visceral entre o diretor e o ator Jean-Pierre Lèaud, que interpretou durante anos seu alter-ego, o personagem Antoine Doinel.
Esses foram os motes para que três apaixonados por Truffaut, – o jornalista Rodrigo Fonseca, o cineasta Cavi Borges e a atriz e bailarina Patricia Niedermeir, – se unissem a fim de homenagear o artista lembrando sua obra e seu legado em François Truffaut – o Cinema é minha vida.
O filme se divide em três atos. No primeiro, François Truffaut, já próximo da morte, está sozinho num camarim da Cinemathèque Française preparando-se para dar uma entrevista, lembrando de fatos de sua vida e revendo sua história. No segundo, acontece a entrevista. No terceiro e último, ocorre uma epifania e ele é tragado pela tela de cinema. A dramaturgia renova a forma clássica de se fazer teatro, ao misturar dança, música, projeção de vídeos e recitação, o espírito transgressor de Truffaut.
Cavi Borges assina as projeções. E conta que as imagens vêm de produções do cineasta, de cenas de bastidores (Truffaut dirigindo, por exemplo) e de filmes de diretores que ele admirava ou que o influenciaram: Antes de a peça começar, rola um pot-pourri só com trechos dos 25 filmes que eo diretor francês fez editado por Cavi. Depois há cenas de filmes de diretores que o influenciaram, como Hitchcock, os Irmãos Lumière, Rossellini e os neorrealistas italianos do pós-Guerra. Tem uma cena linda da Jeanne Moreau cantando e, nesse momento, Patricia dança com a projeção. Há ainda cenas de bastidores, com o próprio Truffaut dirigindo além do teste de elenco com Jean-Pierre Léaud (Antoine Doinel) muito jovem, para Os Incompreendidos, raríssimo, algo que pouca gente viu.
Diretores
Carlos Vinicius Borges, conhecido como Cavi Borges (Rio de Janeiro, 12 de novembro de 1975) é um cineasta, produtor e ex-judoca brasileiro. Dirigiu 14 longa-metragens, entre eles o documentário Cidade de Deus – 10 Anos Depois e Vida de Balconista, e mais de 40 curtas e cento e cinquenta filmes, alguns exibidos em festivais como o de Cannes, de Gramado e do Rio. É considerado um dos principais produtores do cinema brasileiro independente contemporâneo. Também foi fundador da locadora, produtora e distribuidora Cavídeo, referência no Rio de Janeiro na época, por conta de seu acervo de filmes até então cults e raros, com títulos de diretores como Bergman e Truffaut. Em 2009, passou a atuar também como produtora de filmes.
Ele atuou ainda como atleta de judô profissional até o ano 2000 e, em1996, teve um acidente, não conseguindo participar da Olimpíada de Atlanta, nos Estados Unidos. Em 2000, teve um rompimento dos ligamentos do joelho e, mais uma vez, perdeu os jogos olímpicos em Sydney, na Austrália. Formado em Cinema e Audiovisual na Universidade Estácio de Sá, Cavi Borges passou a atuar como produtor e diretor de cinema.
Patricia Niedermeier é diretora de cinema, atriz e bailarina. No teatro trabalhou como atriz com os diretores Antonio Abujanra, Rubens Correia, Gerald Thomas, Jeferson Miranda. entre outros. Na dança trabalhou na Cia Regina Miranda e Marcia Rubim. No cinema participou em 10 longas como atriz e como diretora realizou dois longas: Salto no vazio (2018) e Reviver (2019).
Rodrigo Fonseca é crítico de cinema e roteirista formado pela UFRJ. Escreveu séries e programas na TV Globo, entre os quais Os Trapalhões. Entrevistou cineastas e estrelas das t. Vard vai por zapelas para o site Omelete e analisa seus filmes no blog P de Pop, do jornal O Estado de S. Paulo, e no portal Almanaque Virtual. Deu aulas de História do Cinema na Escola Darcy Ribeiro e na Academia Internacional de Cinema (AIC), além de publicar sete livros sobre audiovisual e o romance Como era triste a chinesa de Godard.