31/05/2025
Por Xico Teixeira, conselheiro da ABI
Na quinta-feira (29), a Diretoria de Cultura da ABI promoveu uma roda de conversa sobre o livro O Grito da Ipiranga, escrito pelo jornalista Luiz Nascimento, que narrou a trajetória de um grupo de jovens sonhadores durante o período mais sombrio e conturbado da história do Brasil.
Formado por adolescentes, tinha como ponto de encontro uma certa casa de vila na Rua lpiranga, bairro de Laranjeiras, Rio de Janeiro onde, como o próprio autor do livro escreve, acontecia de tudo: “Festas, muitas festas, música e namoros, além de planos para a vida escoteira, a conquista de montanhas, a chegada de novos amigos e a convivência inspiradora com personagens importantes da, politica. Essa turma criou um forte laço de amizade, importante para que, juntos, enfrentassem o que viria a acontecer com eles e suas famílias durante o golpe que cobriu o país de violência e vergonha a partir de 1964, durante 21 anos. De peito aberto e movidos pela utopia de um país livre, justo, soberano e democrático, participaram do movimento estudantil e se engajaram politicamente. Alguns partiram para a luta armada. A maioria foi presa e torturada, três morreram assassinados pelo regime militar”.
Para quem lê o livro, a narrativa sugere um roteiro de um filme épico sobre esta turma de pouco mais de 30 amigos, de suas familias, que, tal qual o famoso Clube da Esquina mineiro, não esqueceram seus sonhos e aventuras juvenis libertárias. É uma história de resistência e luta, contada de forma às vezes lúdica, outras vezes muito dramática.
Além do autor, Luiz Nascimento, participaram da roda de conversa na ABI mais seis pessoas que protagonizaram a narrativa do livro: Carlos Henrique Tibiriça Miranda, Glauco de Kruse Villas Bôas, Aloisio Tibiriça Miranda, Arnaldo Galeno, Angela Bastos e Regina Marques.
Glauco de Kruse disse que projeto nasceu do grupo de WhatsApp criado em dezembro de 2015, com o nome de Incrível Exército de Brancaleone, uma a alusão ao filme Armata Brancaleone, de 1966, dirigido por Mario Monicelli e com Vittorio Gassman no papel principal e que “contar a história desse grupo é contar histórias de amizades de mais de 50 anos a partir de um personagem central: a casa 4 de uma vila na rua chamada Ipiranga, bairro das Laranjeiras, Rio de Janeiro. Como se encontraram, como se deu engajamento político ao longo de suas vidas, como se identificaram com as utopias quixotescas ou brancaleônicas e como percebem a realidade atual. Este era o desafio do projeto”.
A roda de conversa foi aberta pela Diretora de Cultura da ABI, Iara Cruz, e o presidente Octávio Costa falou do orgulho da ABI de receber aquele grupo de pessoas e seus amigos para falar de um período tão importante da história do Brasil. Octávio lembrou do simbolismo que marca este ano de conquistas da literatura e do cinema brasileiro celebrado pelo sucesso do filme Ainda Estamos Aqui. Para Octávio, este livro já nasce antológico, é hoje memória viva dessa história recente e dessa parte muito difícil que o Brasil viveu nos anos 1970 e 1980.
Durante as quase duas horas de conversa cada um dos participante falou sobre um aspecto importante daquela história e várias pessoas que estavam no auditório Belizário Costa da ABI tambem puderam fazer perguntas e contribuir com o debate.
O livro O Grito da Ipiranga – Meio Século de Amizades, Resistência e Luta Numa Vila Carioca tem direção editorial do jornalista Bruno Thys e André Salzer e está publicado pela editora Máquina de Livros.