08/09/2006
Cesar de Alencar e Emilinha |
Eram 21h quando o locutor, tendo como fundo musical “Luar do sertão”, anunciou: “Alô, alô, Brasil! Aqui fala a Rádio Nacional do Rio de Janeiro!”, anunciando o surgimento da PRE-8, que logo se tornou um grande sucesso de audiência.
O programa inaugural teve a participação da Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, conduzida pelo maestro Henrique Spedini, e de artistas como Bidu Sayão, Maria Giuseppe Danise, Bruno Landi, Aurélio Maracatu, Mario Azevedo e Dyla Josetti e apresentou como surpresa a Orquestra de Concertos da Rádio Nacional, com Radamés Gnattali ao piano e regência de Romeu Ghipsman. Quatro anos depois, por meio do Decreto-Lei 2.073, de 1940, assinado pelo então Presidente Getúlio Vargas, a Nacional foi incorporada ao Patrimônio da União.
Testemunha de muitos dos grandes programas produzidos pela emissora, um de seus ex-diretores, o radialista, pesquisador e historiador Osmar Frazão, fala com entusiasmo dos bons tempos da rádio, que tomou impulso após ser encampada pelo Governo:
— Com essa iniciativa, a Nacional, através de sua programação jornalística e musical e das radionovelas, se transformou na grande comunicadora do Brasil. Os maiores artistas brasileiros vieram para cá, músicos como Radamés e Alexandre Gnattali, Gustavo de Carvalho (maestro Guaraná), Romeu Fussati, Francisco Duarte (maestro Chiquinho), Alberto Lazzoli…
Frazão lembra também que muitos músicos do Theatro Municipal se integraram à rádio nesse período, além de outros mais populares:
— O que havia de melhor na música instrumental passou a fazer parte da Rádio Nacional: Garoto, José Menezes, Luciano Perrone, Orlando Silva, Jorge Goulart, Francisco Alves, Carlos Galhardo, Cauby Peixoto, Francisco Carlos, Heleninha Costa, Rosita Gonzales, Lenita Bruno e Marlene e Emilinha Borba, que foram as rainhas do auditório.
Osmar Frazão |
Frazão faz questão de citar os grandes produtores:
— Um deles era Henrique Fores Domingues, o Almirante, a mais alta patente do rádio brasileiro. Entre os grandes programas que fez estão “Curiosidades musicais”, “Caixa de perguntas” e “Aquarela brasileira”. E não posso deixar de fora Paulo Tapajós, que, com Haroldo Barbosa, fez o “Um milhão de melodias”, oportunidade ímpar para que a música popular brasileira explodisse e pudesse ser mostrada em todo o seu esplendor.
O radialista, que continua na emissora, segue relembrando “A hora do pato”, criado por Herbert de Bôscoli, “Papel carbono”, com Renato Murce, e o “Programa César de Alencar”:
— O César foi um grande animador de auditório e até hoje serve de exemplo para muita gente. Para dar uma idéia da sua audiência, as reservas para assistir ao programa tinham que ser feitas com uma semana de antecedência e imensas filas se formavam no corredor aos sábados, quando ele ia ao ar das 15h às 17h.
Nos anos 60, diz Frazão, a televisão começou a esvaziar a Nacional:
— Muita gente acha que foi o governo militar, depois do golpe de 64, que provocou a queda da emissora. Mas foi a TV que pegou o que o rádio tinha de melhor. A Nacional, por exemplo, perdeu seus músicos e toda a parte comercial para a Globo e ficou enfraquecida.