11/09/2024
Foto: Ricardo Stuckert
Por Tom Phillips, do The Guardian
Luiz Inácio Lula da Silva viajou à Amazônia em meio à crescente preocupação com as secas e queimadas que assolam a região da floresta e outras partes do Brasil.
Durante uma visita a uma comunidade ribeirinha próxima à cidade de Tefé, o presidente brasileiro afirmou que a Amazônia enfrenta a pior seca em mais de 40 anos. Ele disse que veio ver “o que está acontecendo com esses rios imponentes” que, em alguns lugares, agora se assemelham a desertos.
Lula expressou preocupação com as queimadas, muitas vezes criminosas, que estão consumindo três dos seis biomas do Brasil: a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal.
“Me parece que as coisas estão piorando, ano após ano”, disse Lula enquanto visitava comunidades afetadas pela seca no estado do Amazonas, onde todos os 62 municípios declararam estado de emergência. Mais de 340 mil pessoas foram afetadas, de acordo com relatos.
“No Pantanal, tivemos a pior seca dos últimos 73 anos… Esse é um problema que precisamos resolver, pois, caso contrário, a humanidade vai destruir o nosso planeta”, acrescentou Lula. “Não podemos destruir aquilo de que dependemos para a nossa vida.”
A visita do presidente ocorreu enquanto grandes extensões do maior país da América do Sul, além de países vizinhos como Bolívia e Peru, enfrentam as consequências de eventos climáticos extremos, que elevaram as temperaturas a níveis recordes e intensificaram as queimadas.
Escolas foram fechadas e voos desviados em Rio Branco, capital do Acre, após a fumaça tomar conta da cidade e os níveis de poluição dispararem. Em Porto Velho, capital de Rondônia, o nível do rio Madeira atingiu sua marca mais baixa desde o final da década de 1960.
Os efeitos das queimadas e da seca foram sentidos até mesmo no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde a qualidade do ar também caiu drasticamente nos últimos dias. Na segunda-feira, um especialista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informou que a fumaça das queimadas cobria uma área de 5 milhões de quilômetros quadrados – cerca de 60% do país.
“Chegamos a um momento histórico, como nunca antes havíamos experimentado”, disse Danicley de Aguiar, ativista da Amazônia pelo Greenpeace Brasil, que está monitorando a situação.
“Tivemos secas severas antes no Brasil, mas não com essa magnitude. Acho que jamais tivemos uma seca que afete não apenas o Norte, mas também o Centro-Oeste, o Sul, o Sudeste e uma parte do Nordeste.”