26/04/2025
por Ana Maria Mandim (*)
Amigos de Paulo Totti começaram a chegar aos poucos, a partir do meio-dia, ao nono andar da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira, 25 de abril, véspera do primeiro aniversário da morte de Totti, para a cerimônia de inauguração da placa de bronze em homenagem ao jornalista.
Gente que trabalhou com ele nas redações, que o conheceu em coberturas ou em outras ocasiões profissionais se encontrou ali e relembrou episódios de convivência com Totti.
Depoimentos cheios de emoção que ressaltaram o brilhantismo profissional do jornalista, mas, sobretudo, a sua capacidade de fazer amigos, construir relações sólidas de amizade com muito respeito e afeto.
Depois das palavras iniciais de Paulo Jerônimo, o estimado Pagê, foi a vez de Suely Caldas, Vera Durão, Lívia Ferrari, Agata Messina, Álvaro Caldas, Marcelo Auler e Otávio Costa, presidente da ABI, relembrarem situações que compartilharam com Paulo Totti. Otávio ressaltou o fato de a placa ser oferecida pelos amigos jornalistas de Totti: “Aliás”, observou, “uma multidão.” Iuri, filho mais velho de Totti, também jornalista, esteve presente à cerimônia.
Coube a mim, Ana Maria, viúva de Totti, inaugurar a placa, singela e bonita, que ressalta duas características dele: talento e ética. Quarenta e cinco anos de convivência não me impediram de me surpreender com as manifestações que vi e ouvi nas situações relatadas pelos amigos dele.
Esses mesmos amigos me trouxeram da Bahia e me acolheram com amizade e carinho, em um transbordamento generoso dos sentimentos que dedicam à sua memória.
Parece que estou vendo a cara satisfeita de Totti. Ele gostaria muito de estar ali, assistir à homenagem, ouvir os elogios que lhe fizeram e admirar a placa, colocada ao lado de outra, única existente até então, no saguão da ABI, à esquerda, logo que se sai do elevador. A primeira placa homenageia Prudente de Moraes Neto, eleito presidente da ABI em 1975.
Totti ficaria comovido ao saber que, quem foi à homenagem a ele, passou por uma faixa colocada no andar térreo do prédio da ABI para assinalar os 50 anos da morte do jornalista Vladimir Herzog, torturado e assassinado, em 1975, pelo DOI-CODI, em São Paulo.
Outra faixa, estendida do lado de fora do prédio da ABI, evoca o valor da liberdade de expressão para o exercício da vida e do jornalismo: “Democracia Sempre”. E esta, a propósito, era uma prática de Totti, que mantinha sempre abertas as portas de sua sala na redação, como lembrou Suely Caldas em sua fala na cerimônia, encerrada com aplausos e o coro dos amigos, “Totti, presente!”.
(*) jornalista, viúva de Paulo Totti