11/03/2025
Dentro das comemorações pelos seus 50 anos, a Pallas Editora leva às prateleiras uma seleção de artigos de periódicos, capítulos de coletâneas e trechos de livros que tratam de assuntos diversos e foram publicados ao longo de meio século. Brasil Africano: orixás, sacerdotes, seguidores, do sociólogo, professor e escritor Reginaldo Prandi, é um farto volume de 408 páginas acomodadas em 16 capítulos, que contempla as religiões afro-brasileiras, abordando deuses, rituais e transformações que acompanharam a sociedade nesse período.
A obra será lançada em São Paulo e no Rio de Janeiro, junto com Meu caso de amor pelo Brasil, o livro de estreia no Brasil do antropólogo italiano Bruno Barba, com quem Prandi trabalha há 25 anos. Na capital paulista, os autores vão conversar com o público na quinta, 13 de março, às 19h, na Livraria da Travessa (Rua dos Pinheiros, 513, em Pinheiros), com mediação de João Luiz Carneiro. Já o encontro com os leitores cariocas será no sábado, 15 de março, às 11h, na Folha Seca (Rua do Ouvidor, 37, Centro), num papo conduzido por Luiz Antônio Simas.
“O livro analisa o candomblé e a umbanda, seus sacerdotes e seguidores, desvendando dinâmicas de poder, orientação da conduta e resistência. Fala do panteão e ritos a ele dedicados. Reflete sobre a intolerância religiosa, a incorporação da tradição dos orixás na sociedade e na cultura contemporânea”, explica o autor, 78 anos, 52 deles vivido entre pesquisas e manuscritos. Prandi é uma autoridade no assunto, com mais de 30 títulos publicados sobre temas como literatura infantojuvenil, educação, metodologia de pesquisa e religião – este último, o assunto pelo qual é mais conhecido.
A obra oferece “um panorama crítico e detalhado do papel dessas religiões na construção da identidade brasileira. É a história de uma tradição de origem africana decisiva para o Brasil, mas mesmo assim frequentemente vilipendiada e perseguida. Os textos deste livro têm como objeto preferencial o candomblé, embora alguns capítulos tratem também da umbanda”, pontua o autor. Desde os anos 1970, ele acompanha e interpreta essas manifestações do ponto de vista sociológico, com destaque para o candomblé e a umbanda.
Reginaldo Prandi diz que os estudos sociológicos sobre religião se alastraram pelo país com a popularidade dos cursos de pós-graduação. Ele iniciou a carreira em 1971, quando havia apenas três programas de pós em sociologia, todos incipientes. Hoje são mais de cinquenta. “As religiões afro-brasileiras, além de se preocuparem com o indivíduo, seguem como exuberante celeiro cultural. São capazes de fornecer ingredientes materiais e simbólicos para o amálgama que preenche muitas fissuras culturais e cria novas fisionomias e enervações que dão forma e sentido à identidade dos brasileiros”, frisa.
Os textos foram escolhidos pelo sociólogo, professor e escritor João Luiz Carneiro. “Orixás, voduns, inquices, caboclos, pretos velhos, pombagiras e exus, além de outras entidades, povoam os capítulos e desnudam diferentes faces da sociedade brasileira, mostrando, atrás das religiões, uma África viva e constitutiva do que é o Brasil”, afirma Carneiro. Como pano de fundo, estão as “mudanças sociais pelas quais passou o Brasil neste meio século, refletidas, como não podia deixar de ser, nas próprias religiões estudadas”, ensina Carneiro.
O livro chegou a ser impresso por uma pequena editora, em janeiro de 2022. Porém, a casa editorial fechou as portas antes de dar tempo de fazer qualquer movimento pela obra. E a Pallas logo se interessou em colocar essa obra ao alcance do público. Reginaldo Prandi possui uma estreita relação com as editoras Cristina e Mariana Warth e já publicou outros quatro livros pela casa editorial carioca – Os príncipes do destino (2022), com ilustrações premiadas de Anna Cunha, e Ogun (pela Coleção Orixás, 2019), como autor mais Encantaria brasileira e Caminhos de Odu (ambos de 2006) como organizador.
Brasil Africano: orixás, sacerdotes, seguidores
Reginaldo Prandi
408 páginas – R$ 77