22/02/2006
Samanta Petersen, de Teresina-PI
De 7 de março a 16 de abril, quem estiver no Rio poderá apreciar na Casa de Cultura Laura Alvim a charge vencedora do XVI Salão Carioca de Humor, de Jota A. O autor, aliás, acumula mais de 60 prêmios em salões e exposições no Brasil e em Portugal, entre menções honrosas e primeiras colocações nas categorias charge, cartum e quadrinhos — paixão do artista desde a infância:
— Aprendi as primeiras palavras nas HQs (histórias em quadrinhos), especialmente do Tex, do Tarzan e do Zé Colméia.
O passo seguinte foi copiar os desenhos e começar a criar as próprias histórias. Em 1987, ganhou o seu primeiro prêmio, em Belo Horizonte, com um desenho de Conan, o Bárbaro feito com lápis de cor. O humor veio depois:
— A revista Chiclete com Banana foi uma descoberta!
No ano seguinte, Jota A foi pedir emprego no Dia, em Teresina, e deu sorte: o jornal estava perdendo seu chargista e ele ocupou um espaço que exige muita pesquisa:
— Dizem que a charge é um pouco de inspiração e muito de informação. Você precisa saber todos os detalhes do assunto, ou fará um trabalho errado ou incompleto. Também acho importante o contato com os colegas, embora muitos chargistas tenham se distanciado da redação, mandando seus trabalhos pela internet.
Além de enviar suas criações a diversos salões e das charges no jornal, Jota A publica tirinhas, colaborou com a revista Pasquim 21 enquanto ela durou e já lançou dois livros de cartuns: “Humor todo dia” (1997) e “Cara ou coroa” (2004). Este último, diz ele, é uma obra diferente, pois não tem começo, meio e fim definidos e apresenta duas capas, dois prefácios — um escrito por Ziraldo — e dois sentidos distintos.
Mesmo premiado e prestigiado no meio, Jota A conhece poucos colegas de profissão pessoalmente, pois é avesso a badalações e não vai aos salões, apenas envia suas obras:
— Sou feliz em Teresina. Não quero mais espaço, mais dinheiro, mais prestígio. Minhas raízes estão aqui e trabalho com o que mais amo. O que mais gosto de fazer é ficar vendo desenho animado com o Tiago, meu filho, enquanto a mãe dele, Hoderlene, faz pipoca para gente comer com guaraná. Afinal, a vida não precisa ser complicada.
A única crítica é ao pouco espaço que se dá ao desenho de humor no País:
— Se eu estivesse começando hoje, não conheceria o desenho de humor, pois não existem mais revistas como a Chiclete com Banana. Até mesmo os livros com cartuns são raríssimos. Atualmente, além das exposições, os portais de internet são uma boa forma de mostrar nosso trabalho. É um novo mercado que está se abrindo lentamente.
Samanta Petersen formou-se em Jornalismo pela Universidade
Federal do Piauí em 2004. Estagiou na TV Clube, afiliada da
Rede Globo no estado, passou por assessorias de imprensa
e atualmente é repórter de Cultura do jornal O Dia, de Teresina.