24/11/2009
O encontro dessa fabulosa fortuna avaliada em trilhões de dólares que a nossa Petrobrás descobriu a cerca de 6.000 metros de profundidade na costa brasileira nos dá a impressão de que nos tornamos, de repente, arquimilionários, não havendo mais quaisquer preocupações com relação ao destino do País e do seu povo.
Realmente devemos considerar que o fato da presença no subsolo marinho de nossa propriedade de um volume de 90 bilhões de barris de ouro negro, nos torna eufóricos e felizes; todavia, será preciso lembrar que se fará necessário termos em mãos projetos que envolvam as diversas conjunturas ligadas a esse fortuito acontecimento, possibilitando exames por quem de direito, ou melhor dos setores técnicos e econômicos no que tange à exploração, à produção e o comércio dessa imensa reserva de óleo que nos foi dado encontrar no fundo do nosso mar, pela ação profícua e determinante da Petrobrás em cerca de 30 anos de pesquisas .
As questões imediatamente ligadas a tais conjunturas são aquelas que envolvem a extração difícil e cara do óleo dessa reserva em tais profundidades, embora saibamos que a Petrobrás possui tecnologia das mais avançadas no mundo, no que diz respeito à exploração do petróleo em águas profundas.
Com relação a custos, já foram naturalmente efetuados pela empresa os cálculos dos valores que serão necessários para a grande empreitada,
considerando-se a complexidade de um sistema que deverá garantir produção, transporte e posterior refino de excedentes não exportáveis, sem que não nos esqueçamos, inclusive, de que as nossas reservas não deverão ser degradadas em razão de possíveis flutuações decorrentes das ofertas e demandas nos mercados internacionais que virão a importar o nosso petróleo, e isso já tem sido muito debatido em inúmeras palestras e estudos.
Torna-se preciso, a nosso ver, que se façam estudos profundos a respeito da evolução do combustível petróleo no mundo, considerando-se que as nações que não os têm em volumes que possam assegurar sua sobrevivência em todos os sentidos tenham que vir a ser persuadidas a agir com prudência, a fim de não motivarem ações pelo menos diplomáticas. Nesse aspecto será sempre interessante que possamos cuidar, paralelamente dos aspectos defensivos que se impõem em razão do pré-sal.
Vamos tomar conhecimento do que as nossas Casas do Congresso lograrem efetuar, com relação ao marco regulatório da nova Lei do Petróleo.
Reconheçamos que o trato com fortunas vem de merecer equilíbrio e temperança, evitando-se desperdícios. O País tem tudo para deflagrar um período inicial, tão logo o pré-sal comece a render frutos, para aplicação de verbas orçamentárias – aplique-as, sim, na educação, na saúde, na segurança das metrópoles, na tecnologia, na infra-estrutura das questões energéticas, no transporte e na agricultura.
Transforme-se a nossa Amazônia em área produtora, defendida
em todos os seus quadrantes por suas Forças Armadas devidamente equiparadas – tornem-se seus rios navegáveis dotando-os de eclusas sempre que possível. Invistam-se em novas fontes de energia, como a eólica, hidráulica e atômica, esta última sempre limitada à obtenção de geração energética para fins pacíficos. Transformem o Brasil em uma potência altamente respeitável em todos os sentidos e queremos crer que assim fazendo estaremos bem aplicando o dinheiro do nosso pré-sal. Aproveitemos a oportunidade.
Por último, que a União saiba incentivar suas indústrias e empresas no sentido de que possam evoluir a fim de poder dotar a Petrobrás do que for necessário à evolução que se dará em termos de produção de equipamentos até então importados. Lembremo-nos que todo esse assunto está ligado à defesa e concitemos, também, a nossa própria sociedade, em razão da ação política do assunto, a fim de que o acompanhe, discuta-o, promova debates em todas as associações as quais porventura pertençam seus membros e assim também, queremos crer, estejamos evoluindo.
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Bernardino Capell Ferreira é jornalista, escritor, sócio da ABI e membro titular do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil.