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O adeus a Dom Angélico Sândalo, voz ativa nas lutas sociais


15/04/2025


Do Correio Braziliense

Reprodução Redes Sociais

Faleceu nesta terça-feira (15/4), o bispo emérito de Blumenau (SC), dom Angélico Sândalo Bernardino. Aos 92 anos, ele morreu na residência dos padres Toninho e Antônio Leite Barbosa Júnior, onde vivia recluso nos últimos anos, na Vila Zat, no distrito de Pirituba, zona norte de São Paulo. A causa da morte não foi divulgada até o momento.

Dom Angélico exerceu seu episcopado com dedicação, marcando a história da Igreja no Brasil como bispo auxiliar de São Paulo e como primeiro bispo da Diocese de Blumenau, desde sua criação em 2000.

Figura respeitada na Igreja Católica e conhecido pela atuação pastoral junto aos trabalhadores, dom Angélico teve trajetória marcada pela defesa dos direitos humanos, especialmente durante os anos de chumbo da ditadura militar. Foi companheiro de caminhada do presidente Lula, com quem mantinha laços de amizade desde a década de 1970.

Na noite desta terça, o presidente lamentou a morte do amigo e aliado.

“Recebi com profunda tristeza a notícia do falecimento do querido Dom Angélico, que dedicou sua vida à solidariedade e ao amor ao próximo, como nos ensinou Jesus Cristo. Das greves dos trabalhadores em São Paulo nas décadas de 70 e 80, passando por momentos históricos da luta pela redemocratização e pela justiça social no nosso país, estivemos sempre juntos do lado da verdade e do bem comum. Guardo as lembranças do grande amigo que fez da ternura e da bondade os princípios que guiaram sua vida. “Amai-vos e não armai-vos” era sua lição para todos nós. Dom Angélico esteve comigo nos momentos mais preciosos de minha vida, nos casamentos dos meus filhos, batizados dos meus netos e meu casamento com Janja. Na semana passada, eu e Janja o visitamos num encontro de muito carinho e boas recordações. Descanse em paz, companheiro. Minha solidariedade a todos os fiéis que acompanharam sua trajetória”, escreveu Lula num post no X.

Dom nasceu em Saltinho, no interior paulista, em 19 de janeiro de 1933. Era o quinto de nove filhos, entrou no seminário ainda jovem, em 1946, mas interrompeu a formação religiosa aos 20 anos. Nesse intervalo, chegou a trabalhar como caldeireiro em uma metalúrgica. Voltou à vida religiosa dois anos depois e foi ordenado padre em 1959, dando início ao ministério sacerdotal.

Durante esse período, conciliou a vocação com o jornalismo. Em 1955, recebeu o registro profissional de jornalista pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, após atuar no jornal Diário de Notícias, da diocese local. Essa vivência o ajudaria a comunicar com clareza e contundência as causas que abraçava.

Em 2000, tornou-se o primeiro bispo da recém-criada Diocese de Blumenau (SC), onde permaneceu até a aposentadoria . Mesmo após deixar o cargo, manteve-se ativo nas lutas sociais, participando de celebrações e atos públicos. Em 2018, conduziu uma cerimônia ecumênica em homenagem à ex-primeira-dama Marisa Letícia, falecida no ano anterior. A missa ocorreu em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.