07/02/2025
Os jornalistas jamais esquecerão o dia 1º de janeiro de 2019, quando Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República e instalou um período de humilhações e total desrespeito pelo outro, principalmente se esse outro era um jornalista profissional e, pior, uma mulher jornalista.
Começava ali um dos piores momentos para a liberdade de expressão, o exercício da profissão de jornalista. Era inevitável lembrar dos anos de ditadura.
Bolsonaro passou, mas fez adeptos. Hoje, na Câmara dos Deputados, perguntado sobre notícias negativas que circulam a seu respeito em Brasília, o deputado Elmar Nascimento (União Brasil – Bahia) não vacilou. O alvo foi a jornalista Natália Portinari, do Portal UOL, que pediu informações sobre a compra de um imóvel em Salvador investigada pela Polícia Federal e sobre a casa de luxo que ele aluga em Trancoso, praia de Porto Seguro (BA), de um empresário denunciado por corrupção.
Enquanto Natália procurava exercer sua função profissional, o nobre deputado, de forma prepotente, passou a proferir uma sequência de palavras de baixo calão em atitude ameaçadora e com ofensivo ranço de viés sexista.
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) não pode admitir que um episódio constrangedor, lamentável, vergonhoso como esse apresentado pelo segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados, passe em branco.
Em nome das jornalistas e dos jornalistas brasileiros a ABI manifesta total solidariedade a Natália Portinari. E repudia veementemente atos como esse, opostos à democracia e à liberdade de expressão.
Em nome dos jornalistas, a ABI espera que o Congresso Nacional, por meio dos presidentes recém-eleitos das duas casas legislativas e seus pares, encontre os mecanismos previstos em seu regimento interno para coibir as cenas lamentáveis de hoje e exigir reparação pública do deputado Elmar Nascimento.
Rio de Janeiro, 07 de fevereiro de 2025
Octávio Costa
Presidente