18/12/2024
Por Nalva Moura, fundadora do Instituto Social Espaço Negro; Jamile Barreto, diretoria Etnico-Racial da Abi; Samanta Lopes, Inclusão Digital e Diversidade Corporativa; Ariene Salgueir, economista; Giovana Souza, especialista ESG
Nos últimos dois anos, o debate sobre diversidade, equidade e inclusão ganhou uma visibilidade crescente, e, especialmente, o protagonismo das mulheres negras no mercado de trabalho foi amplamente discutido. A sociedade começou a entender um pouco mais sobre as desigualdades que nos cercam, sobre como a nossa presença é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e plural. Coletivos, movimentos e projetos foram criados para dar voz, visibilidade e espaço às mulheres negras. Mas isso não é suficiente. Chegamos ao ponto em que a palavra “diversidade” precisa se traduzir em ações concretas e mudanças palpáveis, e a urgência dessa transformação não pode mais ser ignorada.
É impossível aceitar que ainda sejamos invisibilizadas e sub-representadas em tantas esferas de poder e decisão. Não podemos esperar mais 130 anos para alcançar a igualdade de gênero, como sinaliza o Relatório Global de Desigualdade de Gênero de 2023.
Somos 28% da população brasileira e urge elevar a nossa representatividade nas posições de poder em todos os segmentos e consolidar a nossa história.
Foi com essa chamada de urgência e força que, no dia 30 de novembro de 2024, demos um passo decisivo na construção de um futuro diferente. Promovemos o primeiro Simpósio, na modalidade híbrida, do Coletivo Mulheres Negras de Raça, cujo tema foi “Nossas Diversidades”, realizado no Centro de Referência de Promoção da Igualdade Racial – Sé, gerenciado pelo Instituto Social Espaço Negro.
O encontro contou com a participação de 35 mulheres negras das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Espírito Santo. A iniciativa foi realizada por Nalva Moura, Samanta Lopes, Ariene Salgueiro, Jamile Ribeiro e Giovana Souza. Contou também com a convidada especial vereadora Keitt Lima, que trouxe à tona discussões cruciais sobre a realidade das mulheres negras na sociedade atual, focando especialmente nas necessidades e potencialidades das mulheres negras, com ênfase nas mães solo e na promoção de políticas públicas inclusivas.
Com apoio da OXFAM Brasil, o evento marca o início deste coletivo que lutará para fortalecer a justiça social e reforçar que o ano de 2025 será em busca da implementação das discussões que não saem do eixo da ideação, rumo à promoção de uma sociedade mais justa, de fato. Olhando para os espaços que queremos de fato ocupar, pelo acesso universal à saúde, incluindo saúde mental, além de políticas públicas e privadas que atendam às necessidades específicas dessas mulheres.
Nosso coletivo não quer ser apenas mais uma voz no meio de tantas outras. Queremos ser uma força transformadora, uma rede de apoio, unindo coletivos, movimentos, empresas, acadêmicas e organizações em uma luta conjunta por justiça social, igualdade e valorização das mulheres negras. Queremos estar na vanguarda de um novo momento, onde as políticas públicas e privadas para as mulheres negras sejam eficazes, monitoradas e, o mais importante, adaptadas de acordo com nossas reais necessidades. Não podemos mais aceitar que nossas vozes sejam ignoradas.
Acreditamos profundamente no poder da transformação, na capacidade de cada mulher negra de ser protagonista de sua história e de mudar o futuro. Estamos construindo uma sociedade mais justa, mais igualitária, onde as mulheres negras sejam, finalmente, reconhecidas e respeitadas por sua força, sua luta e sua potência. Esta é uma jornada para todas as pessoas, vale destacar que o Simpósio contou com a presença e colaboração de 04 homens comprometidos com a agenda. No ano de 2025, daremos passos decisivos para garantir que nossa sociedade de fato nos valorize, não apenas com palavras, mas com ações concretas e mudanças estruturais.
Este coletivo está apenas começando, mas temos certeza de que ele será um marco na luta das mulheres negras. Nós temos pressa, temos força e, acima de tudo, temos o poder de fazer a diferença.