Por Claudia Sanches
04/01/2016
O jornalista Fichel Davit Chargel, que exerceu interinamente a Presidência da ABI, anunciou o projeto de inauguração do Museu da Comunicação e Costumes. A iniciativa é do próprio jornalista e colecionador, que vai levar seu acervo de peças antigas para Paquetá, onde comprou a chácara em que José Bonifácio de Andrada e Silva passou seus últimos dias em exílio. A previsão é de que a exposição esteja aberta a publico daqui a oito meses, tempo para recuperação do imóvel.
Com cerca de 4mil metros quadrados, o casarão fica na Praia da Guarda, é aberto ao público e foi tombado em 1938. A ideia é levantar um anexo não só para abrigar o acervo todo mas também para a construção de uma oficina de recuperação e de uma biblioteca para os livros, jornais e revistas.
O acervo é grande, com mais de dez mil peças raras, e fica guardado em um amplo apartamento em Santa Teresa. Mas tudo está sendo embalado para sair de lá nos próximos meses, conjunto de antiguidades, algumas do século XVI, e vai virar museu.
O projeto de criação do museu é uma parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro, Estado, o Instituto Brasileiro de Museus e ainda prevê uma parceria com a iniciativa privada. Segundo Fichel, o museu recebeu esse nome porque além de abrigar um pouco da história da comunicação, as peças contam também, os hábitos e costumes de outras épocas, como as bengalas, chapéus e leques.
O objetivo principal registrar arquivos, memórias e histórias no campo das Comunicações, oferecendo um espaço aberto para as comunidades interagirem com os objetos e viajarem através do tempo.
Acervo
Em sua coleção, grande parte peças do século XIX, que ele coleciona há mais de 60 anos, garimpados pelo mundo inteiro, entre fotos, pinturas e outras raridades. São anúncios publicados no jornal O Mosquito, de 1876, caixas de música, Rádios Galena, um deles de fabricação de Guilherme Marconi, um dos inventores do rádio, fonógrafos europeus, gramofones, incluindo portáteis e infantis, vitrolas tipo maleta, acervo de fotos estereoscópicas, em papel e vidro, fotos Daguerre, incluindo material do fotógrafo Felix Nadar, cartões postais, objetos utilizados em outros tempos como chapéus e bengalas, propagandas e almanaques e revistas antigas. Fichel lembra que na coleção está o exemplar nº 1 do Correio Braziliense. Entre os objetos que despertam a curiosidade estão os aparelhos da época pré-cinema. São “brinquedos” que seriam o entretenimento dos velhos tempos, que ampliavam os desenhos. A sua grande revolução foi quando a técnica foi usada na fotografia.
O colecionador também lembra que os estereoscópios são o princípio do cinema 3D, a diversão do século XIX, já que não existia televisão e da transição da pintura a óleo para a fotografia. “Foi uma época de transição, em que vários pintores deixaram a pintura como ganha-pão e se tornaram fotógrafos , como foi o caso de Felix Nadar. O interessante também é descobrir que o princípio da terceira dimensão remonta ao século XIX, mas ganha projeção com o cinema e a TV. Outro ponto interessante são os simbolismos dos objetos, que, em outros tempos, como o leque e a bengala, tinham significado diferente, de como a pessoa estava posicionada socialmente ou o que queria transmitir dependendo da posição do objeto”, conta o jornalista.