17/04/2025
Um dos jornais universitários mais antigos do Brasil, O Politécnico, do Grêmio Politécnico – entidade estudantil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) –, completa 80 anos em plena atividade.
Para celebrar a data, a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, da Universidade de São Paulo, recebe entre os dias 16 de abril e 16 de maio uma exposição de alguns dos exemplares históricos desse jornal, por onde passaram estudantes que mais tarde se tornariam figuras célebres no Brasil, como o ex-governador de São Paulo Mário Covas (1930-2001); o ator Carlos Zara (1930-2002) e seu irmão, o ex-deputado federal Ricardo Zarattini Filho (1935-2017); o fotógrafo Thomaz Farkas (1924-2011), um dos pioneiros da fotografia moderna no Brasil; a empresária Cristina Junqueira (1982- ), fundadora do Nubank; o empreendedor Pedro Wongtschowski (1946- ), importante nome da Engenharia Química brasileira, com atuação no Grupo Ultrapar e na Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo); Luiz de Queiroz Orsini (1922-2018), professor emérito da Poli-USP e um dos inovadores do ensino da Engenharia Elétrica no Brasil; Paulo Blikstein (1972- ), professor na Universidade Colúmbia, nos Estados Unidos, referência na introdução de novas tecnologias na aprendizagem e Mario Eduardo Garcia (1932- ), um dos idealizadores da restauração da Estação Júlio Prestes e da construção da Sala São Paulo, entre outros.
Fundado em 1944 por Adolfo Lemes Gilioli (1921-2012) e outros estudantes da Poli-USP, O Politécnico nasceu em plena ditadura do governo Vargas como um boletim informativo. Por ser um boletim, não podia receber anúncios para custear as despesas da publicação, mas nem por isso deixava de ser um informe combativo e atuante no meio estudantil e acadêmico já desde seu surgimento.
Nos seus 80 anos de existência, O Politécnico testemunhou, documentou, se posicionou e influenciou fatos históricos de grande importância para o país, como o movimento O Petróleo é Nosso, retratando as opiniões dos estudantes e o embate com a elite então chamada de “entreguista”; a Campanha Paula Souza para alfabetização de adultos, iniciativa dos alunos do Grêmio Politécnico; o golpe de Estado de 1964 no Brasil, quando marcou sua forte presença no movimento estudantil, ao lado de movimentos de camponeses, operários e outros setores da sociedade, em oposição ao militarismo e à suspensão de direitos civis; a denúncia da prisão de estudantes da USP durante o regime militar, no início dos anos 1970; o “show proibido” de Gilberto Gil na Poli, em 26 de maio de 1973, como resposta da juventude universitária contra a repressão política e social da época; o movimento das Diretas Já, entre os anos de 1983 e 1985, para retomada das eleições diretas para presidente da República; a aprovação da Constituição de 1988, conhecida como a Constituição Cidadã, que inaugurou um novo momento jurídico e institucional no Brasil, com a ampliação das liberdades civis e dos direitos e garantias individuais; isso e muito mais até chegar à recente pandemia de covid-19, quando alunos da Escola Politécnica, em conjunto com o Instituto de Física e a comunidade científica da USP, contribuíram não só com a divulgação de informações técnicas e médico-científicas confiáveis e com linguagem mais acessível à população geral mas também com a criação de ventiladores pulmonares artificiais e a manutenção corretiva desses equipamentos, que foram cruciais para salvar milhares de vidas no país. Essas e inúmeras outras contribuições importantes para a sociedade brasileira fazem parte da história do jornal O Politécnico.
A Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin da USP fica na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, na Rua da Biblioteca, 21, no Butantã, próximo à Estação Butantã do metrô e à Estação Cidade Universitária da Linha Esmeralda. A exposição ocorre na Sala BNDES, que abre de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e a entrada é franca.