25/02/2008
José Reinaldo Marques
29/02/2008
Berg Silva com sua filha Carol Aleixo |
Aos 16 anos de profissão, o fotógrafo Berg Silva se autodefine como uma pessoa irrequieta, que está sempre em busca de algo mais que o faça ir além das fronteiras hipotéticas, testando todos os ângulos e possibilidades de enxergar e traduzir o mundo que vê por meio da fotografia:
— Estou sempre “incomodado” com as imagens e também sempre gostei das coisas que me incomodam. Foi exatamente esse espírito que me fez ir mais adiante e começar a brincar com a fotografia desde os 14 anos, a viajar para além do meu mundo de menino pobre suburbano, lá na na Vila da Penha.
Para ele, essa experiência tinha o mesmo sabor de um jogo de futebol “divertido e diferente”:
— Só depois de já estar cursando História na Universidade Federal Fluminense (UFF), morando em uma república e almoçando no bandejão é que voltei a brincar com a câmera fotográfica. Voltei a ser menino! Já formado, fui fazer mestrado na UFRJ e me profissionalizei fotógrafo ao mesmo tempo em que me preparava para ser pai. Na hora de defender a tese, mudei o rumo prático da minha teoria. Abandonei tudo para ser repórter-fotográfico. Com dois anos de atividade profissional, a brincadeira já proporcionava fraldas e leite para a minha filha Carolina.
Carreira
Berg Silva é formado em História, com pós-graduação em Planejamento Urbano e Regional. Iniciou a sua carreira profissional em fotografia no extinta agência Imagens da Terra. Em seguida, trabalhou nos jornais O Dia e Extra e na revista Quem e há seis anos integra a equipe de repórteres-fotográficos do Globo, veículo pelo qual foi finalista do Prêmio Esso de Jornalismo em 2005.
Sobre a decisão de trocar a carreira acadêmica pelo fotojornalismo, ele diz que não teve dúvida:
— Tem coisas na vida que a gente não escolhe. É a vida que nos ensina. Percebi que os dias em que estava sem fotos para fazer eram sempre os mais tristes. A minha felicidade está em fotografar, dialogando com o mundo intensamente sem falar muito, ou nada.
Autorais
Juntamente com o colega Severino Silva, do jornal O Dia, Berg coordena o projeto ImagEMovimento, que busca valorizar a fotografia autoral no Rio de Janeiro. O fotógrafo assina também trabalhos em veículos da mídia sindical e de organizações não-governamentais. Devido à proximidade com essas entidades, suas fotos aparecem publicadas em muitos veículos alternativos do Brasil e do exterior.
Em 1996, Berg coordenou a exposição “Assentamentos humanos no Brasil”, realizada na Universidade Cândido Mendes. No mesmo ano, a mostra foi apresentada em Istambul, durante a Conferência Internacional Habitat II. Em 98, foi também coordenador da exposição “50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos”, no campus da PUC-RJ.
Um traço interessante da personalidade de Berg Silva é continuar encarando a fotografia como um ofício sério e, ao mesmo tempo, como uma divertida brincadeira, que lhe permite documentar os fatos com mais profundidade, senso crítico e emoção:
— Hoje, como já disse, eu me sinto um menino novamente, participando da História com minha brincadeira. Mesmo nos momentos em que tive que registrar assuntos pesados, procurei ver um lado positivo nas coisas. São essas sensações que procuro mostrar agora, com uma certeza: no dia em que meu trabalho não me emocionar mais, não der aquela vibração de um gol de bicicleta na pelada, eu paro. Na verdade, porém, eu acho que não vou parar nunca.
Clique nas imagens para ampliá-las: