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Homenagem a ex-militantes das Ligas Camponesas


09/10/2009


Por ocasião da sessão comemorativa dos 30 anos da Lei da Anistia, a Assembléia Legislativa da Paraíba prestou homenagem à líder camponesa Elizabeth Teixeira, viúva de João Pedro Teixeira, organizador das Ligas Camponesas no Estado, e ao ex-Deputado Agassiz Almeida, que requereu na Assembléia Legislativa uma CPI para apurar o caso. Em represália à sua atitude, o então parlamentar foi cassado, preso, demitido dos cargos de promotor de Justiça e de professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e deportado para a Ilha de Fernando de Noronha.

A sessão especial, presidida pelo Deputado Zenóbio Toscano, contou com as presenças do Prefeito Ricardo Coutinho e de representantes do Governo do estado da Paraíba, do Ministério Público e do Poder Judiciário.

No início dos anos 60, Francisco Julião, Gregório Bezerra, Pedro Fazendeiro, Assis Lemos, Antônio Dantas e João Pedro Teixeira organizaram as Ligas Camponesas de Sapé (PB), com o intuito de mobilizar os trabalhadores rurais em prol da reforma agrária. Em 1962, o líder do movimento paraibano João Pedro Teixeira foi assassinado covardemente, fato que contribuiu para adesão em massa de novos militantes, chegando as Ligas de Sapé a congregar cerca de dez mil membros.

Após o assassinato do marido, Elizabeth Teixeira assumiu a luta à frente da Liga Camponesa de Sapé, e Agassiz Almeida requereu à Assembléia Legislativa da Paraíba a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a autoria do crime.

Presente à homenagem, Agassiz Almeida, conforme foi noticiado na revista A Semana, destacou a necessidade de abertura dos arquivos da ditadura militar e de punição àqueles que praticaram crime de tortura, considerado imprescritível no texto legal da Constituição de 1988:
— Nós que estivemos na linha de frente contra a ditadura militar por 21 anos, não podemos aceitar como um ato festivo esta comemoração pelos trinta anos da Lei da Anistia. Enquanto não forem abertos os arquivos da repressão e os torturadores punidos, não podemos comemorar vitórias. Aqui, no Brasil, um silêncio infame procura encobrir crimes monstruosos de lesa-humanidade, como são a tortura e o genocídio.