Guy de Almeida no debate da Nova Ordem Mundial da Informação e da Comunicação

Por Laurindo Lalo Leal Filho (*)

Nos anos 1980, a Unesco abriu um amplo debate internacional sobre a proposta de criação de uma Nova Ordem Mundial da Informação e da Comunicação que ficou conhecida pela sigla NOMIC. Era a tentativa de formular uma política capaz de reverter o fluxo internacional de comunicação tirando-o do domínio da rota Norte-Sul para fortalecer as relações Sul-Sul.

No Brasil, a Fenaj decidiu, num dos seus Congressos, pela formação de uma Comissão de Jornalistas para debater a proposta da Unesco e apresentar as posições brasileiras sobre o tema. Ficou decidido que os Sindicatos de Jornalistas de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e do Distrito Federal indicassem nomes para esse trabalho. Guy de Almeida , Argemiro Ferreira, eu e Salomão Amorim, respectivamente, formamos a Comissão. Guy, por sua trajetória profissional e indiscutível competência, tornou-se o coordenador. Foi quando o conheci e fiquei impressionado com sua capacidade de trabalho e fineza no trato pessoal.

Em síntese, a Comissão produziu documentos apontando para a necessidade de uma “nova ordem nacional” que contribuísse para o debate internacional, mas priorizasse o enfrentamento da estrutura comunicacional do país, concentrada na mãos de grandes corporações.

A experiência nacional e internacional do Guy de Almeida foi fundamental para a consistência dessas formulações. Ao nos deixar, em meio a inúmeras lembranças de sua carreira, considero importante este registro, não apenas pela relação que tive com ele, mas principalmente pela contribuição que deu, naquele momento, para a luta pela democratização da comunicação no Brasil.

(*) do Conselho Deliberativo da ABI

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