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Exposição Gilberto Freyre


07/05/2008


 Parede de azulejos

Um lado pouco conhecido do cientista político, escritor e poeta Gilberto Freyre é finalmente exposto: o de pintor. A mostra temporária sobre o autor no Museu da Língua Portuguesa traz quadros, documentos e originais inéditos, além apresentar ao público seu processo criativo e de pesquisa. Na parte pictórica, são 27 quadros com temáticas variadas, como religiosidade, cenas familiares, engenhos, auto-retratos, e o primeiro desenho de Freyre: um frade feito a lápis quando ele tinha apenas 6 anos de idade.

A curadora Júlia Peregrino diz que a exposição comprova a constante preocupação de Freyre com a história da cultura humana e brasileira:
— Ela está presente no material de pesquisa utilizado para vários de seus livros, como “Casa grande e senzala”, e em correspondências com vários missivistas, como Cândido Portinari, Heitor Villa-Lobos, Carlos Drummond de Andrade, Florestan Fernandes e Cícero Dias.

      Antonio Carlos Sartini e Júlia Peregrino

O Superintendente do museu, Antonio Carlos Sartini, explica a homenagem ao pesquisador Gilberto Freyre, morto em 1987:
— Sendo ele um poeta, além de pesquisador histórico e social, os temas fundamentais de Freyre não são apenas científicos, mas existenciais. Ele foi ao mesmo tempo o pai da antropologia cultural brasileira e o intelectual que liderou a demolição do racismo “biologizante” que dominava nossas universidades.

Os originais de “Inquéritos” (com áudio disponível), que Freyre usou para elaborar o livro “Ordem e progresso”, também estão na mostra. A obra traz perguntas que o escritor enviava para diferentes pessoas — o resultado serviu para constatar diferenças culturais e comportamentais dos brasileiros.

A ambientação foi dividida em cenários que remetem ao interior de vários cômodos, como cozinha, sala e quarto:
— O objetivo é que o espectador sinta-se mesmo conhecendo a casa de alguém, que era o objeto pesquisa de Freyre — diz o cenógrafo André Cortez. —Quadros, ilustrações, documentos, originais, fotos e primeiras edições dos livros, tudo está contextualizado.

 Áudio: uma constante

Participaram da exposição o fotógrafo, jornalista e pesquisador Pedro Karp Vasquez e a professora e cientista social Élide Rugai Bastos. O material exibido pertence à Fundação Gilberto Freyre, sediada em Recife. Seu Presidente, Gilberto Freyre Neto, aponta para o ineditismo das obras e seu pouco reconhecimento no País:
— É importante dizer que disponibilizamos material inédito, coisas que nunca saíram da Fundação. Apesar de Gilberto Freyre ser considerado um dos maiores escritores brasileiros, com vários títulos recebidos no exterior, ele ainda é desconhecido em sua própria terra. Dar oportunidade ao público de conhecer sua vida e obra é nossa grande expectativa.

Todas as exposições temporárias do Museu da Língua Portuguesa são montadas no primeiro pavimento. A de Gilberto Freyre está prevista para ficar em cartaz durar até o dia 18 de maio, com visitação de terça a domingo, das 10h às 18h.