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Diretor de Jornalismo da ABI recebe Prêmio Jornalístico de Direitos Humanos em Natal


10/12/2024


 

Roberto Monte; Divanilton Pereira, dirigente do Sindicato dos Petroleiros do RN e Presidente do Comitê Estadual do PCdoB-RN; o pesquisador Natanael Sarmento, um dos premiados; e Hilton Accioli, autor do Lula Lá, que musicou o Hino da Aliança Nacional Libertadora, de 1935.

O diretor de Jornalismo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Moacyr de Oliveira Filho, recebeu, nessa terça-feira (10), o Prêmio Jornalístico do XXIII Prêmio Estadual de Direitos Humanos Emmanuel Bezerra dos Santos 2024, do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Natal (RN).

O Prêmio foi concedido por suas matérias sobre a Insurreição de 1935, em Natal, especialmente a histórica entrevista, em 1984, com o sapateiro José Praxedes de Andrade, um dos líderes do movimento, que ainda vivia clandestino na Bahia, e foi a base do livro Praxedes, um Operário no Poder, publicado em 1985. Praxedes morreu um mês depois da entrevista que o tirou da clandestinidade.

Moacyr foi apresentado por um cordel, de autoria de Crispiniano Neto:

E tem o Vigésimo Prêmio
Jornalístico que ecoa
Pra quem, Direitos Humanos,
Em seus escritos ressoa,
Uma homenagem certeira
Pra Moacyr de Oliveira,
Conhecido como Moa.
E o PRÊMIO DE JORNALISMO
De forma muito certeira
Vai pra um profissional
Que tem brilhante carreira
E esta fantástica pessoa
Quem tem apelido MOA,
É MOACYR OLIVEIRA!
Diretor da ABI,
Assessor da EBC,
Do Memorial DOI-CODI
Ele integra o GT
Da luta subversiva
É ele a memória viva
De tudo que a gente lê!
Depois de décadas, Praxedes,
O nosso governador
Deixou de ser clandestino
Por que Moa, com valor
Mostrou pra quem quiser ler
Como é que foi o poder
Nas mãos do trabalhador!
“Praxedes, um operário
No Poder”, traz com valia,
O poder em prol do povo,
Buscando a democracia,
Num RN otimista
Num projeto comunista,
Assustando a burguesia!
Moa faz o jornalismo
Que é o sonho de milhões;
Da verdade arrebentando
As algemas e os grilhões
Moa cumpriu seu papel
Contra essa máquina cruel
De moer reputações!…
Eis que as cortinas da História
Se abrem pra recontar
As histórias que a História
Por tempos buscar negar,
Por que inspira o desejo
De um projeto benfazejo
De Governo Popular!

Praxedes foi localizado pelo ex-deputado federal Haroldo Lima morando com a esposa, Lilita, e a filha, Iaponira, numa casa humilde na Vila Mapele, em Simões Filho, a 30 quilômetros de Salvador. Depois de alguns contatos com Haroldo, Praxedes concordou em dar uma entrevista para Moacyr. Foram mais de dez horas de entrevista, gravadas em quatro dias de conversa, que resultaram no livro — Praxedes, um operário no poder, publicado em 1985 pela Editora Alfa-Omega.

Menos de um mês depois da entrevista, Praxedes faleceu, vítima de tuberculose e problemas renais, frustrando o projeto de rever Natal, para onde nunca mais tinha voltado depois de sua fuga, em 1936. Praxedes morreu sem rever Natal, mas teve tempo de deixar registrado para a História o depoimento de sua experiência de vida. E as fotos do fotógrafo Nilton Vasconcelos são as únicas imagens de Praxedes em vida.

Infelizmente, as fitas com a íntegra da entrevista se perderam, mas alguns dos áudios de Praxedes podem ser ouvidos na série sobre os 500 Anos da História do Brasil, de Fernando Morais, num programa sobre a Insurreição de 1935, para o canal GNT.

Abandonado

Durante sua visita a Natal, o diretor de Jornalismo da ABI visitou o prédio onde funcionou o quartel da PM, em 1935, que foi o principal foco de resistência do Estado à Insurreição, onde ocorreram os principais combates. O prédio, que é  a capa do livro Praxedes, um Operário no Poder, está completamente abandonado, às vésperas das comemorações dos 90 anos da Insurreição, em mais um exemplo do descaso das autoridades com a nossa memória política.