Dia Mundial dos Rios


29/09/2024


Por Teresa Fazolo, da Comissão de Meio Ambiente da ABI

Desde 2005, o último domingo de setembro tem uma missão especial: celebrar os rios do mundo. Criado por ativistas ambientais e em decorrência do lançamento da iniciativa das Nações Unidas Water for Life Decade (Década da Água para a Vida), o Dia Mundial dos Rios nos lembra que os cursos d’água — desde os menores até os mais caudalosos e extensos — são como veias que sustentam a vida no planeta.

Se, por anos, a celebração dessa data já vinha acompanhada da constatação de que muitos rios estão contaminados, poluídos e sufocados por barragens, neste 29 de setembro de 2024, a apreensão, a tristeza e a indignação são ainda maiores. Enquanto rios transbordam e cidades ficam submersas no sul do país e em outras partes do mundo, secas devastadoras assolam diversas regiões, trazendo a ameaça da desertificação. Cúpulas e reuniões, como as COPs (Conferência das Partes), discutem há anos as mudanças climáticas, o aumento da temperatura e do nível dos oceanos, o aquecimento global e a transição energética. No entanto, os avanços e as ações efetivas são escassos e, muitas vezes, questionáveis.

Na Amazônia, gigantes como o Rio Negro e o Solimões estão irreconhecíveis, afetando milhões de pessoas. No sudeste do Brasil, alguns rios, como o Paracatu, em Minas Gerais, agonizam há anos. Embora as causas sejam diversas, suas raízes convergem para pontos em comum. Especialistas atestam que rios secam não apenas pela falta de chuvas. Com o desmatamento, o uso inadequado do solo e a ocupação desordenada, a infiltração da água no solo é prejudicada, levando ao esgotamento das nascentes.

As queimadas que destroem milhares de hectares no Sudeste, Centro-Oeste e Norte agravam ainda mais este cenário. No Cerrado, a região mais afetada nos últimos meses e que abriga as nascentes de oito bacias hidrográficas que abastecem o país, o fogo ameaça a segurança hídrica, a produção de energia e de alimentos, além de dizimar a flora, a fauna e a biodiversidade brasileira.

Mas a esperança resiste. Se há aqueles que poluem, desmatam e provocam a morte das nascentes, também há guardiões das águas. A International Rivers, por exemplo, criou o Dia Internacional de Ação pelos Rios, celebrado em 14 de março. A organização incentiva e divulga ações de proteção aos rios em várias partes do mundo.

O Rio Preto, que percorre a divisa entre os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, também tem seus protetores. Promovendo caminhadas, eventos solidários à beira do rio, mutirões de limpeza e compartilhando informações, esses ativistas lutam pela preservação do amado Rio Preto.

O acesso à água foi consagrado como Direito Humano em 2010, por meio de uma Resolução da ONU. Em Brasília, tramita na Câmara dos Deputados a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2021, que propõe incluir o acesso à água potável entre os direitos e garantias fundamentais da Constituição Federal. O direito à água potável é um direito à vida, e por isso, todo apoio deve ser dado à aprovação dessa PEC, como defende a campanha lançada em fevereiro pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

Que o Rio Negro, cortando a Amazônia, o Rio Preto, percorrendo o Sudeste, e todos os rios do planeta sejam tratados como entes portadores e geradores de vida, integrados em um sistema em que águas, terra e ar atuam em conjunto e precisam estar em harmonia. E que, no último domingo de setembro de 2025, possamos celebrar nossas fontes de água doce com mais otimismo.