26/06/2009
Quando, em 1917, a Confederação Sul-Americana indicou o Brasil para sediar o Campeonato Sul-Americano de 1919, a CBD tentou junto ao Governo recursos para a construção de um estádio. Sem conseguir êxito, os dirigentes da CBD apelaram para o Fluminense Futebol Clube. Com o aval do presidente tricolor Arnaldo Guinle, o Banco do Brasil liberou a verba necessária para financiar a obra, que custou, na época, cerca de mil e quinhentos contos de réis.
Além do Brasil, disputaram o certame as seleções argentina, chilena e uruguaia, as mesmas que participaram dos campeonatos de 1916, em Buenos Aires, e de 1917, em Montevidéu.
No dia 11 de maio de 1919, as seleções do Brasil e do Chile pisaram o gramado do novo estádio para a abertura do III Campeonato Sul-Americano de Futebol. Em defesa da meta brasileira estava o tricolor Marcos Carneiro de Mendonça que, em 1916, enfrentara o mesmo Chile na primeira partida do Brasil, no I Campeonato Sul-Americano, na Argentina.
O conhecido escritor Coelho Neto, homem ligado ao Fluminense, conseguiu sanar as divergências entre os dirigentes cariocas e paulistas e a nossa seleção pode contar com os melhores jogadores do país. Além de Marcos, o atacante Fridenreich era outro destaque na equipe brasileira.
Na estréia, o Brasil venceu o Chile por 6 a 0 com gols, pela ordem, de Friedenreich, Neco, Freidenreich, Friedenreich, Haroldo e Neco. Jogaram contra o Chile: Píndaro, Galo, Amilcar, Marcos, Sérgio e Bianco; ajoelhados, Arnaldo, Haroldo, Friedenreich, Neco e Manezes.
Assistiram a partida mais de 20 mil expectadores, dentre os quais o Presidente da República, Delfim Moreira.
Três dias depois, o Brasil venceu a Argentina por 3 a 1. Os gols foram marcados por Heitor (1 a 0), Izaguirre (1 a 1), Amilcar e Millon. Nesse jogo, Fortes entrou no lugar de Galo e no ataque Millon e Heitor substituíram, respectivamente, Menezes e Haroldo. A partir desse jogo integraram o selecionado brasileiro: Píndaro, Sérgio, Fortes, Amilcar, Bianco e Marcos; ajoelhados, Millon, Heitor, Friedenreich, Neco e Arnaldo.
Os uruguaios tinham derrotado os chilenos e os argentinos e, também, estavam com quatro pontos ganhos. A decisão entre Brasil e Uruguai foi marcada para o dia 25 de maio.
Vinte e cinco mil pessoas lotaram o Estádio das Laranjeiras e aproximadamente uns três mil torcedores ocuparam os morros circunvizinhos. Os uruguaios fizeram dois gols com 20 minutos de jogo, por intermédio de Gradin e H. Scarone. Aos 29 minutos do 1º tempo, Neco marcou para o Brasil. Na etapa final, novamente, Neco aos 17 empatou a partida, obrigando a realização de um jogo extra para a decisão do título.
No dia 29 de maio de 1919, as seleções do Brasil e do Uruguai pisaram o gramado do Estádio do Fluminense para decidirem o campeonato. Foram cento e cinqüenta minutos de jogo: 90 no tempo normal e mais duas prorrogações de 30 minutos.
Aos 2 minutos da segunda prorrogação, Friedenreich marcou o gol da vitória e do título. O time brasileiro manteve a mesma escalação da partida diante da Argentina e do primeiro jogo contra o Uruguai.
A festa da torcida brasileira tomou conta das ruas e várias homenagens foram prestadas aos campeões. A bola do jogo, assinada pelos jogadores, integrantes da comissão técnica e por Coelho Neto, ficou exposta numa retoma de vidro na sede da CBD.
A chuteira de Fridenreich, autor do gol da vitória e um dos maiores artilheiros do nosso futebol em todos os tempos, ocupou uma vitrine na Rua do Ouvidor e a vitória inspirou o grande Pixinquinha a compor a música 1 a 0.